Economia

Ata mostra Banco Central de olho na inflação, diz Barclays

Para o co-chefe de economia e estratégia para América Latina do banco, ata mostra que o Banco Central não vai tolerar a aceleração da inflação


	Na semana passada, o Copom elevou a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, para 8,50% ao ano
 (Dado Galdieri/Bloomberg)

Na semana passada, o Copom elevou a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, para 8,50% ao ano (Dado Galdieri/Bloomberg)

DR

Da Redação

Publicado em 18 de julho de 2013 às 11h03.

São Paulo - A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada hoje foi consistente com a última decisão de alta de juros, segundo Marcelo Salomon, co-chefe de economia e estratégia para América Latina do Barclays. Para Salomon, a ata mostra que o Banco Central está de olho na inflação e não vai esmorecer no curto prazo porque está consciente dos efeitos da inflação e vê risco de a confiança bater na atividade. “(a ata) Mostra um BC que está recuperando credibilidade, mostrando que não vai tolerar a inflação acelerando”, afirmou.

“A ata foi consistente com um BC que subiu 0,50 ponto percentual na última reunião e está sinalizando que o ciclo continua no mesmo ritmo - e está preocupado com inflação e efeitos secundários da depreciação do câmbio”, afirmou Salomon. O Barclays projeta mais uma elevação de 0,50 ponto percentual (na reunião de agosto) e de 0,25 em outubro, encerrando o ano em 9,25%.

É a mesma projeção do Goldman Sachs, para quem a concretização dessa projeção vai depender da evolução do balanço de riscos para crescimento e inflação - e o câmbio pode ter um papel chave na calibragem da política monetária. “Uma moeda substancialmente mais fraca poderia forçar o Banco Central a estender o ciclo de alta para limitar o repasse para os preços domésticos e segurar as expectativas de inflação”, afirma o banco em relatório assinado pelo economista Alberto Ramos.

Apesar de o Copom ter repetido, na semana passada, o comunicado emitido na reunião de maio e a intensidade de elevação de juros, a ata do Copom, divulgada hoje, apresenta algumas novidades em relação a que foi emitida após aquela reunião – entre elas, a menção a confiança de empresas e famílias e a depreciação cambial.

Ao falar sobre o cenário central, o Comitê pondera que a velocidade de materialização dos ganhos esperados pode ser contida caso “não ocorra a reversão tempestiva no declínio que ora se registra na confiança de firmas e famílias”. Esse ponto sobre confiança é uma novidade que o Copom traz para a ata e que está monitorando, segundo Salomon.

Sobre o câmbio, diz a ata que a depreciação cambial constitui fonte de pressão inflacionária em prazos mais curtos. O comitê pondera que “os efeitos secundários decorrentes, e que tenderiam a se materializar em prazos mais longos, podem e devem ser limitados pela adequada condução da política monetária”. Para Salomon, isso indica que, quanto maior o efeito secundário na inflação, maior será o ciclo de aperto monetário do BC. Ontem, o dólar à vista fechou em baixa de 1,20% no balcão brasileiro, cotado a R$ 2,2310.


O documento também eliminou dois parágrafos que manteve por muito tempo, referentes ao modo como as mudanças estruturais na economia brasileira nos últimos anos e o aumento na disponibilidade de reservas internacionais contribuíram para a queda na taxa de juros, em geral e, em particular, na taxa neutra. Segundo relatório do Goldman Sachs, isso sugere que o Copom pode estar vendo o recente aumento das taxas centrais globais e talvez um acesso mais seletivo ao financiamento externo como elementos levando a um nível mais elevado da taxa neutra doméstica.

Em relação a ata anterior, também foi eliminado o parágrafo que afirmava “O Copom avalia que, no curto prazo, a inflação em doze meses ainda apresenta tendência de elevação e que o balanço de riscos para o cenário prospectivo se apresenta desfavorável”.

Para Salomon, ontem a presidente respondeu qual é o nível de tolerância com a inflação: entre 6,50% e 4,50%. “No passado, o governo não estava disposto a sacrificar o crescimento para trazer a inflação ao centro da meta, agora, eles tentam garantir que a inflação fique dentro do teto da meta”. O Barclays projeta que, em 2013, a inflação será de 5,9% no final do ano – e que o crescimento fique em 2,3%.

Selic

Na semana passada, o Copom elevou a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, para 8,50% ao ano. A alta era esperada pelo mercado e manteve o ritmo da elevação realizada na reunião anterior. A decisão foi unânime e sem viés.

Em comunicado emitido após a reunião, na quarta-feira, o Copom afirmou que "avalia que essa decisão contribuirá para colocar a inflação em declínio e assegurar que essa tendência persista no próximo ano" - o mesmo comunicado emitido após a reunião de maio, que subiu os juros também em 0,50 p.p..

Acompanhe tudo sobre:CopomEstatísticasIndicadores econômicosJurosSelic

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto