Presidente do Banco Central, Alexandre Tombini: para alguns analistas, o BC estaria cedendo a pressões ao mudar a comunicação e tomar a decisão de manter a Selic em 14,25% ao ano (REUTERS/Guadalupe Pardo)
Da Redação
Publicado em 25 de janeiro de 2016 às 06h32.
A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que será divulgada na próxima quinta-feira (28), será uma das mais aguardadas pelo mercado, depois da polêmica com a decisão do colegiado de manutenção da taxa básica de juros, a Selic, em 14,25% ao ano.
O documento trará as explicações do presidente, Alexandre Tombini, e de diretores do Banco Central (BC) para a decisão, tomada quarta-feira (20).
A polêmica surgiu às vésperas do anúncio da decisão do Copom, quando Tombini divulgou comentário sobre a revisão de projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) para a economia brasileira.
Na terça-feira (19), primeiro dia de reunião do Copom, Tombini disse, em nota, que as revisões foram significativas e seriam consideradas na decisão do Copom.
O FMI aumentou a projeção de queda da economia brasileira neste ano de 1% para 3,5%. Para 2017, a expectativa é de estabilidade, com a estimativa de crescimento zero do Produto Interno Bruto (PIB, soma de todos os bens e serviços produzidos no país), contra a expectativa de crescimento de 2,3%, divulgada em outubro do ano passado.
O comunicado de Tombini em dia de reunião do Copom foi incomum e indicou uma mudança de direção com relação à Selic. Com isso, os analistas que, esperavam por aumento de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros, mudaram as apostas para alta de 0,25 ponto percentual ou estabilidade da Selic.
Analistas criticaram a comunicação do BC, que anteriormente informava que adotaria as medidas necessárias para controlar a inflação, ou seja, que elevaria a Selic. Para alguns analistas, o BC estaria cedendo a pressões ao mudar a comunicação e tomar a decisão de manter a Selic em 14,25% ao ano.
Quando há elevação da taxa Selic, a demanda por produtos e serviços é afetada, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam as pessoas a economizar em vez de gastar. Quando há redução da Selic, o efeito é o contrário: incentiva produção e consumo, mas alivia o controle da inflação.
Nas suas decisões, o BC tem que decidir se no momento a prioridade é controlar a inflação ou estimular a economia. Além de afetar a demanda, a elevação da taxa influencia também as expectativas com relação à inflação.
Em comunicado sobre a decisão, o Copom informou que considerou não apenas a inflação, mas o atual balanço de riscos do país, as incertezas domésticas e principalmente externas.
A explicação mais detalhada sobre a decisão virá na ata. Os analistas costumam observar os detalhes do documento, como troca ou supressão de palavras em relação à ata anterior, para decifrar a direção que o Copom irá tomar no futuro.
Na reunião dos dias 19 e 20 deste mês, Tombini e cinco diretores votaram pela manutenção da Selic. Os diretores Sidnei Marques (Organização do Sistema Financeiro) e Tony Volpon (Assuntos Internacionais) votaram pela elevação da Selic em 0,5 ponto percentual.
Os dois diretores já queriam aumentar a taxa na reunião de novembro do ano passado.