Economia

Ata do Copom: Projeção IPCA 2024 no cenário referência (juro Focus e câmbio PPC) é de 3,6%

Todas as estimativas já constavam no comunicado da semana passada, quando o Copom manteve a Selic (a taxa básica de juros) em 13,75% ao ano pela sexta vez seguida

O BC manteve as estimativas ante a reunião anterior, de março (Adriano Machado/Reuters)

O BC manteve as estimativas ante a reunião anterior, de março (Adriano Machado/Reuters)

Estadão Conteúdo
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Agência de notícias

Publicado em 9 de maio de 2023 às 09h45.

A ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), divulgada na manhã desta terça-feira, 9, indicou que a projeção para o IPCA de 2024, ano em que o BC trabalha para alcançar a convergência da inflação para a meta, está em 3,6% no cenário de referência. Para 2023, a projeção para o IPCA está em 5,8%.

Todas as estimativas já constavam no comunicado da semana passada, quando o Copom manteve a Selic (a taxa básica de juros) em 13,75% ao ano pela sexta vez seguida. O BC manteve as estimativas ante a reunião anterior, de março.

A projeção do BC para o IPCA de 2023 está acima do limite de tolerância da meta, de 4,75%, indicando três anos consecutivos de descumprimento do BC de seu mandato principal, após 2021 e 2022. Para 2024, a projeção do BC supera o centro da meta de 3 0%, mas ainda fica dentro da banda, que vai até 4,50%.

O cenário de referência pressupõe a taxa de juros variando de acordo com a pesquisa Focus e o câmbio partindo de R$ 5,05 e evoluindo conforme a Paridade do Poder de Compra (PPC). Além disso, a premissa é de que o barril de petróleo segue aproximadamente a curva futura de mercado pelos próximos seis meses e sobe a 2% ao ano na sequência.

No comunicado e na ata, o BC indica que a estratégia é a convergência da inflação para o "redor da meta ao longo do horizonte relevante", que prevê agora só o ano de 2024. O BC ainda repete que segue vigilante avaliando se a manutenção da Selic por período prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação. Mas indicou que o cenário de retomada de alta de juros é menos provável, ainda que garanta que não vai hesitar em adotar esse caminho caso a desinflação não ocorra como o esperado.

Cenário alternativo

A ata do último encontro do Copom repetiu, assim como no comunicado, um cenário alternativo para a projeção de inflação, que considera que a taxa Selic fica estável em 13,75% ao ano por todo o horizonte relevante, até o fim de 2024.

Para o ano que vem, a projeção no cenário alternativo fica em 2 9%, abaixo do centro da meta (3,0%). A estimativa do BC para 2023 neste cenário é de 5,7%, ainda bem acima do teto da meta (4 75%), indicando três anos consecutivos de descumprimento do BC de seu mandato principal, após 2021 e 2022. Na ata anterior, as projeções no cenário alternativo eram de 5,7% e 3,0% para 2023 e 2024.

Arcabouço fiscal reduziu incertezas sobre crescimento da dívida pública, diz ata do Copom

Os diretores do Banco Central (BC) avaliaram na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que a apresentação do novo arcabouço fiscal reduziu a incerteza associada a cenários extremos de crescimento da dívida pública.

"O Comitê seguirá acompanhando a tramitação e a implementação do arcabouço fiscal apresentado pelo Governo e em apreciação no Congresso. O Copom novamente enfatizou que não há relação mecânica entre a convergência de inflação e a aprovação do arcabouço fiscal, uma vez que a trajetória de inflação segue condicional à reação das expectativas de inflação e das condições financeiras", informou o BC, na ata do Copom.

Segundo os diretores do BC, um cenário com um arcabouço fiscal sólido e crível pode levar a um processo desinflacionário mais benigno através de seu efeito no canal de expectativas.

Processo de desinflação em curso é mais lento e movido por excessos de demanda, diz ata

Os diretores do Banco Central (BC) avaliaram na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que o processo de desinflação em curso é mais lento. Segundo os membros do colegiado, a inflação atual é "movida por excessos de demanda, em particular no segmento de serviços".

"O Comitê reafirma que o processo desinflacionário em seu atual estágio demanda serenidade e paciência na condução da política monetária para garantir a convergência da inflação para suas metas", informou o BC, na ata do Copom.

Os diretores do Banco Central destacaram que a dinâmica da desinflação segue caracterizada por um processo com dois estágios distintos. No primeiro estágio, já encerrado, a velocidade de desinflação foi maior, com maior efeito sobre preços administrados e efeito indireto nos preços livres através de menor inércia.

"No segundo estágio, que se observa atualmente, a velocidade de desinflação é menor e os núcleos de inflação, que respondem mais à demanda agregada e à política de juros, se reduzem em menor velocidade, respondendo ao hiato do produto e às expectativas de inflação futura", destacou o BC, na ata.

Os membros do Copom também ressaltam o comportamento benigno recente nos preços de atacado, tanto na parte de alimentos quanto na parte de industriais. Além disso, em função de um cenário hídrico confortável para este ano, adotou-se a expectativa de bandeira verde para dezembro de 2023 e para dezembro de 2024.

"Em termos de trajetória de inflação ao consumidor ao longo de 2023, ressalta-se que se espera uma queda relevante na inflação acumulada em doze meses ao longo deste segundo trimestre em função do efeito base do ano anterior. No segundo semestre de 2023, como os efeitos das medidas tributárias que reduziram o nível de preços no terceiro trimestre de 2022 não estão mais incluídos na inflação acumulada em doze meses e ainda se terá a inclusão dos efeitos das medidas tributárias deste ano, se observará elevação do mesmo indicador", informou o BC.

Ata: ainda que seja cenário menos provável, Copom enfatiza que não hesitará em retomar ajuste

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central repetiu, na ata de seu encontro de deste mês, que o cenário de retomada do ciclo de ajuste é menos provável, ainda que garanta que não hesitará em adotá-lo caso a desinflação não ocorra como o esperado. Na semana passada, o colegiado manteve a taxa Selic em 13,75% ao ano pela sexta reunião consecutiva.

Na ata, assim como no comunicado, o Copom repetiu que segue "vigilante" considerando a incerteza ao redor dos seus cenários, avaliando se a estratégia de manutenção da Selic por período prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação para as metas.

"O Comitê reforça que irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas. O Comitê avalia que a conjuntura demanda paciência e serenidade na condução da política monetária", repetiu, em meio à forte ofensiva do governo federal pela queda dos juros.

Em relação à decisão deste mês, o BC disse na ata, assim como no comunicado, que a manutenção é "compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante", que, agora, inclui somente o ano de 2024.

A projeção oficial do BC para o ano que vem é para 2024 é de 3 6% no cenário de referência, acima do centro da meta de 3,0%, e de 2,9% no cenário alternativo, que considera a Selic constante por todo horizonte relevante.

Sobre a manutenção da Selic pela sexta vez seguida, o BC também reafirmou que implica "suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego", como também vem defendendo o presidente do BC, Roberto Campos Neto, em eventos recentes. Essas ideias expressas na ata já constaram no comunicado da semana passada.

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