Copom: "O Comitê nota que mesmo políticas fiscais que tenham efeitos baixistas sobre a inflação no curto prazo podem causar deterioração nos prêmios de risco" (Arquivo/Agência Brasil)
Reuters
Publicado em 8 de fevereiro de 2022 às 09h14.
Última atualização em 8 de fevereiro de 2022 às 09h18.
O Banco Central demonstrou preocupação com a adoção de políticas fiscais que buscam controlar a inflação no curto prazo, ressaltando que as medidas podem gerar efeito de alta na inflação, mostrou a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada nesta terça-feira.
O documento não avançou de maneira concreta em informações que poderiam indicar qual percentual de aperto monetário será adotado na reunião do colegiado em março, mantendo a posição apresentada no comunicado da última semana de que é mais adequado o ritmo do ciclo de altas ser reduzido.
"A incerteza particularmente elevada sobre preços de importantes ativos e commodities, assim como o estágio do ciclo, fez o Comitê considerar mais adequado, neste momento, não sinalizar a magnitude dos seus próximos ajustes", informou.
De acordo com a autoridade monetária, desde a última reunião do Copom, em dezembro, a maioria das commodities reverteu a queda observada no fim do ano e, em alguns casos, atingiram recordes recentes, reforçando o ambiente global de preços mais pressionados.
A avaliação sobre o risco de usar os cofres do governo para aliviar preços foi apresentada em meio às discussões feitas no governo e no Congresso sobre um possível corte de tributos para aliviar os valores cobrados em combustíveis. Propostas sobre o tema já tramitam no Legislativo, com impactos que podem superar 50 bilhões de reais ao ano.
"O Comitê nota que mesmo políticas fiscais que tenham efeitos baixistas sobre a inflação no curto prazo podem causar deterioração nos prêmios de risco, aumento das expectativas de inflação e, consequentemente, um efeito altista na inflação prospectiva", destacou.
Na semana passada, o BC aumentou a taxa básica de juros em 1,50 ponto percentual, ao patamar de 10,75% ao ano, mas indicou uma redução no ritmo de ajuste na próxima reunião do Copom, em março, além de apontar que o horizonte relevante da política monetária inclui, “em maior grau”, o ano de 2023. As avaliações foram repetidas na ata do encontro divulgada nesta terça-feira.