Economia

As forças e fraquezas do Brasil em inovação, segundo o IGI 2018

Brasil ficou constante nos aportes mas melhorou nos resultados e dados sugerem que o setor privado é mais eficiente do que setor público

Indústria do futuro: Novas ferramentas aumentam a produtividade e colocam a inovação no centro das etapas de produção (José Paulo Lacerda/Divulgação)

Indústria do futuro: Novas ferramentas aumentam a produtividade e colocam a inovação no centro das etapas de produção (José Paulo Lacerda/Divulgação)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 10 de julho de 2018 às 17h41.

Última atualização em 10 de julho de 2018 às 18h54.

São Paulo - O Brasil escalou 5 posições e passou do 69º para a 64º lugar entre 126 países no Índice Global de Inovação (IGI) divulgado nesta terça-feira (10).

O ranking é publicado anualmente desde 2007 pela Universidade Cornell, pelo INSEAD e pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI).

O ranking considera 80 indicadores. O Brasil está relativamente estacionado há cerca de três anos nos aportes (inputs) em inovação, mas teve melhora de 10 posições nos resultados (outputs).

Soumitra Dutta, professor de Cornell e um dos responsáveis pelo estudo, deu uma hipótese para a melhora:

"Havia muitos órgãos responsáveis pelo assunto, falta de coordenação e um clima de complacência. A crise brasileira criou um senso de urgência e necessidade de ação", diz em conversa por telefone com EXAME.

Prova disso, segundo ele, é que apesar da profunda recessão e do investimento ser de forma geral muito baixo no Brasil em comparação com outros países, os dados mostram que as empresas brasileiras não pararam de apostar em pesquisa e desenvolvimento.

"Acredito que a melhoria é resultado de esforços combinados do setor empresarial e do governo com foco no estímulo à inovação, e a Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI) tem o papel fundamental de fortalecer este ecossistema", diz Gianna Sagazio, superintendente de inovação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que é parceira do IGI junto com o Sebrae.

É alta a proporção de empresas brasileiras que oferecem treinamento formal, por exemplo, assim como é alta a proporção das nossas importações e exportações que são de alta tecnologia.

"O Brasil avança, sobretudo, no número de trabalhadores altamente especializados, e também está obtendo resultados muito melhores na área da pesquisa universitária e industrial", disse Francis Gurry, diretor-geral da OMPI, na conferência de lançamento.

Educação

Mas apesar das melhoras, a eficiência do Brasil em traduzir seus aportes em inovação em resultados concretos ainda é baixa, diz o relatório. Um grande exemplo é a educação.

Somos 23º lugar internacional em gasto em educação como proporção do Produto Interno Bruto (PIB), mas estamos no 64º lugar em notas do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos) em leitura, matemática e ciência.

A qualidade das nossas universidades e publicações científicas também foram destacadas por Gurry, mas somos 98º lugar mundial em educação superior de forma geral, sugerindo que a forma de gastar precisa ser modificada na ponta - com mudanças de currículo, por exemplo.

Também estamos entre os últimos lugares mundiais em ambiente de negócios, facilidade de criar uma empresa, nível de crédito, taxação efetiva e estabilidade política. Isso sugere que há muito espaço para o governo facilitar a vida das empresas.

"O setor privado é mais eficiente do que o público, o que acontece em várias economias", diz Soumirtra.

Dos 7 pilares analisados, o Brasil tem sua melhor posição em sofisticação dos negócios. Veja a colocação brasileira em cada um deles entre 126 países:

PilarPosição brasileira
Sofisticação dos negócios38º
Capital humano e pesquisa52º
Infraestrutura64º
Resultados de conhecimento e tecnologia64º
Resultados criativos78º
Instituições82º
Sofisticação do mercado82º

 

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