Economia

As duas principais incertezas sobre a inflação e a Selic, segundo ex-diretores do BC

Desconhecimento dos nomes do próximo presidente do BC e demais diretores, além da pendência de um decreto que regulamenta o regime de metas para inflação afeta expectativas para o IPCA

Tiago Berriel: estrategista-chefe da BTG Pactual Asset Management (BTG Pactual/Divulgação)

Tiago Berriel: estrategista-chefe da BTG Pactual Asset Management (BTG Pactual/Divulgação)

Antonio Temóteo
Antonio Temóteo

Repórter especial de Macroeconomia

Publicado em 7 de fevereiro de 2024 às 19h58.

Última atualização em 7 de fevereiro de 2024 às 19h59.

O nome do próximo presidente do Banco Central (BC) e dos demais diretores, além da pendência de um decreto presidencial que define o regime de metas a partir do próximo ano. São esses os dois fatores apontados pelo economista Eduardo Loyo, sócio do BTG Pactual, e pelo estrategista-chefe da BTG Pactual Asset Management, Tiago Berriel, para justificar as expectativas de inflação fora da meta neste e nos próximos anos. Ambos são ex-diretores do BC e se manifestaram durante o CEO Conference 2024, organizado pelo BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da Exame).

Para 2024, a meta de inflação é de 3%. Entretanto, as expectativas, segundo o Boletim Focus, estão em 3,81%. Para 2025, 2026 e 2027, as estimativas do mercado estão em 3,5% e a meta é de 3%. Além disso, o mandato de Roberto Campos Neto como presidente do BC termina em dezembro de 2024.

Segundo Berriel, no mercado há uma incerteza sobre como o próximo presidente do BC e os demais diretores se comportarão para garantir a estabilidade do poder de compra da moeda e, consequentemente, na dosagem dos juros para combater a inflação. Historicamente, os economistas ligados ao PT defendem que um pouco de inflação pode favorecer a economia.

O próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva sinalizou no começo do governo que o Conselho Monetário Nacional (CMN) poderia alterar a meta de inflação para 4,5% para facilitar o processo de queda de juros no ano passado.

“A incerteza tem relação com a condução [da política monetária] pela diretoria seguinte. Uma sinalização [de como se comportará a diretoria do BC] pode vir do presidente da República e é uma alternativa de baixo custo”, afirmou Berriel.

Regime de metas indefinido

Em junho do ano passado, O Conselho Monetário Nacional (CMN) definiu que o país terá uma meta contínua de inflação de 3%. Entretanto, o decreto presidencial que define o regime de metas para inflação e os objetivos a serem perseguidos pelo BC ainda não foi publicado pelo governo.
Segundo Loyo, a inexistência de um decreto é fonte de incerteza e contribui para a desancoragem das expectativas.

“Saiu do radar das pessoas que estamos há 8 meses esperando a publicação do decreto presidencial que define o funcionamento do regime de metas de inflação. Eu não consigo porque esse negócio não sai. A única razão para não sair é que não se tem convicção do que se pretende. Tem a incerteza da lista de personagens [que comandarão o BC a partir de 2025] e a incerteza da missão que vai ser confiada ao BC. Parece que esqueceram disso”, disse.

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