Economia

As 15 palavras que vão definir o 2017 de pós-pós crise

Do "Homem de Davos" ao "Joe Six-Pack": as transições atuais inauguram um novo período para a economia global, segundo banco americano

Binóculo:  Estados Unidos é o destino mais popular, seguido de Portugal (Comstock Images/Thinkstock)

Binóculo: Estados Unidos é o destino mais popular, seguido de Portugal (Comstock Images/Thinkstock)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 19 de fevereiro de 2017 às 08h00.

Última atualização em 19 de fevereiro de 2017 às 08h00.

São Paulo - Prepare-se: uma nova era começou na economia global.

Pense no que definiu o pós-2009 no mundo desenvolvido: taxas de juros baixas (ou até negativas) definidas por bancos centrais que sustentaram uma recuperação fraca diante de governos que hesitavam em gastar.

Enquanto isso, alertas de inflação muito baixa e risco de estagnação secular, mas com alívio diante da continuidade de globalização e novos esforços para regular o setor financeiro, estopim da crise.

Tudo isso está mudando: Donald Trump promete cortar impostos e aumentar gastos, desregular setores importantes (especialmente o financeiro), restringir a imigração e renegociar acordos internacionais.

A perspectiva é de mais crescimento (pelo menos no médio prazo) e mais inflação, o que levará a juros mais altos. Tudo isso é ótima notícia para os bancos.

Em nota enviada no meio da semana, o Bank of America Merril Lynch decretou o fim do "Homem de Davos".

A expressão foi cunhada pelo cientista político americano falecido Samuel Huntington, o mesmo da teoria do “choque de civilizações”, em referência à reunião anual da elite global na cidade suíça.

Eis a definição: o homem de Davos "tem pouca necessidade de lealdade nacional e vê as fronteiras nacionais como obstáculos que felizmente estão sumindo e os governos nacionais como resíduos do passado cuja única função útil é facilitar as operações da elite global”.

A figura que define o novo cenário é o "Joe Six-Pack", um americano médio que vive de salário e nada tem de cosmopolita.

Veja na tabela as 15 transições que o banco identifica entre o pós-crise e o pós-pós-crise:

"Homem de Davos" (2009-2016)"Joe Six-Pack" (2017 em diante)
Estagnação secularRecuperação cíclica
DeflaçãoInflação
Estímulos de bancos centraisEstímulos fiscais
RegulaçãoDesregulação
Grande repressãoGrande rotação
GlobalizaçãoNacionalismo econômico
Wall StreetMain Street
Vencedores com ZIRP (juro zero)Vencedores fiscais
TítulosCommodities
CrescimentoValor
Ações de alta capitalizaçãoAções de baixa capitalização
Estados UnidosJapão
TecnologiaBancos
PassivoAtivo
Ativos financeirosAtivos reais

"O cenário dos mercados hoje é similar ao do final dos anos 60: novas políticas econômicas e sociais ("Guerra à pobreza" antes, "Guerra à desigualdade" agora), um novo grupo demográfico mais vocal (os baby boomers antes, os millenials agora), era de avanço tecnológico (o homem na lua), acordos multilaterais sob pressão (o padrão ouro) e em 1966 o começo do fim de inflação e taxas de juros baixas e estáveis", diz o texto.

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