Economia

Já sob efeito da crise, arrecadação federal tem o pior março desde 2010

Diante da crise do coronavírus, as desonerações concedidas pelo governo resultaram em uma renúncia fiscal de R$ 25,032 bilhões no primeiro trimestre

Arrecadação: resultado veio dentro do intervalo de expectativas de 18 instituições (TransferWise/Divulgação)

Arrecadação: resultado veio dentro do intervalo de expectativas de 18 instituições (TransferWise/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 22 de abril de 2020 às 12h11.

Última atualização em 22 de abril de 2020 às 14h11.

Já afetada pela crise econômica decorrente da pandemia do novo coronavírus, a arrecadação de impostos e contribuições federais somou R$ 109,718 bilhões em março, um recuo real (descontada a inflação) de 3,32% na comparação com o mesmo mês de 2019. Em relação a fevereiro deste ano, houve queda de 5,83%.

O valor arrecadado ainda foi o menor para meses de março desde 2010, quando a arrecadação no terceiro mês do ano foi de R$ 105 017 bilhões.

O resultado veio dentro do intervalo de expectativas de 18 instituições ouvidas pelo Broadcast Projeções, que ia de R$ 94 100 bilhões a R$ 120,076 bilhões, com mediana de R$ 111 bilhões.

Fatores

De acordo com a Receita Federal, o comportamento da arrecadação de março decorre da variação dos principais indicadores macroeconômicos no mês. Apesar do aumento de 3,30% na venda de bens na comparação com março de 2019, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apurou quedas na produção industrial (-0,51%) e nas vendas de serviços (0,70%) em março.

O Fisco destacou ainda o crescimento de 53,4% nas compensações tributárias em relação a março de 2019. Por outro lado, a arrecadação com Imposto de Renda de Pessoas Físicas (IRPF) teve alta de 48,71% no mês, em função de ganho de capital na alienação de bens e ganhos líquidos em bolsa de valores.

No primeiro trimestre, a arrecadação federal somou R$ 401,138 bilhões. Por causa do bom desempenho das receitas em janeiro, o montante ainda representa um avanço real de 0,21% na comparação com igual período do ano passado.

Desonerações

As desonerações concedidas pelo governo resultaram em uma renúncia fiscal de R$ 25,032 bilhões entre janeiro e março deste ano, valor maior do que em igual período do ano passado, quando ficou em R$ 24,081 bilhões. Apenas no mês de março, as desonerações totalizaram R$ 8,362 bilhões, também acima do que em março do ano passado (R$ 8,080 bilhões).

A desoneração da folha de pagamentos custou aos cofres federais R$ 732 milhões em março e R$ 2,335 bilhões no acumulado do ano.

No início de abril, o governo anunciou a suspensão da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) que incide sobre operações de crédito por 90 dias.

Segundo a Receita Federal, a medida custará R$ 7 bilhões ao governo.

Foram adiados ainda os pagamentos das contribuições para o PIS/Pasep e a Cofins e da contribuição patronal devidos entre abril e maio. As empresas poderão fazer o recolhimento entre agosto e outubro.

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