Economia

Argentina rola dívida e acalma mercado

Governo de Mauricio Macri consegue acalmar os investidores com o dólar fechando em queda de 3,16%, cotado a 24,5 pesos

Argentina: BC elevou a taxa básica de juros em 12,5 pontos porcentuais, para 40%, e se desfez de US$ 10 bilhões das suas reservais internacionais (Martin Acosta/Reuters)

Argentina: BC elevou a taxa básica de juros em 12,5 pontos porcentuais, para 40%, e se desfez de US$ 10 bilhões das suas reservais internacionais (Martin Acosta/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 16 de maio de 2018 às 09h09.

Última atualização em 16 de maio de 2018 às 09h11.

Buenos Aires - Em um dia tenso no mercado internacional e crucial para a Argentina, dado o vencimento de uma dívida de curto prazo emitida pelo Banco Central do país de 617 bilhões de pesos (cerca de US$ 25 bilhões), o governo de Mauricio Macri finalmente conseguiu acalmar os investidores, fazendo com que o dólar fechasse em queda de 3,16%, cotado a 24,5 pesos.

A terça-feira, 15, vinha sendo chamada de "superterça" no País, pois havia a preocupação de que os investidores não quisessem renovar os títulos do BC, as Lebacs, por não confiarem na economia argentina e na capacidade de pagamento da autoridade monetária. Uma opção por parte dos investidores de não renovar os papéis implicaria mais emissão de pesos, o que, por sua vez, resultaria em novas desvalorizações da moeda local.

O BC, porém, conseguiu renovar a dívida em 96%. Colaborou para isso o fato de o ministro de Finanças, Luis Caputo, ter anunciado de surpresa um leilão de títulos em pesos do Tesouro Nacional. Com a venda de papéis com vencimento para 2023 e 2025 - a taxas fixas de 20% e 19%, respectivamente -, o governo levantou US$ 3 bilhões. Segundo Caputo, o resultado do leilão representa um "voto de confiança muito contundente no país e no presidente Mauricio Macri", em um dia em que as moedas emergentes sofreram.

Para o economista Andrés Borenstein, do BTG na Argentina, um mercado calmo na "superterça" era essencial para a Argentina. "Se não houver nenhum problema no mercado local e internacional até o fim de semana, a sensação será de que não há mais pânico", disse.

Ação

De acordo com o economista Dante Sica, sócio da consultoria Abeceb, a Argentina começou a encerrar a turbulência pela qual passou nas últimas duas semanas nessa "superterça". "Estamos em processo de estabilização. Houve uma ação do governo concreta e coordenada, e voltaram fundos que haviam deixado o país. Há sinais mais claros de que a corrida cambial foi interrompida."

Para Martín Ravazzani, economista da consultoria Ecolatina, é "difícil" dizer que a crise acabou, mas a "impressão" é que o mercado está se tranquilizando. Ravazzani destaca que as estratégias do BC e do governo nos últimos dias tiveram sucesso, mas que o custo será alto.

Diante da fuga de capitais do país, o BC elevou a taxa básica de juros em 12,5 pontos porcentuais, para 40%, e se desfez de US$ 10 bilhões das suas reservais internacionais - sobraram US$ 52 bilhões -, enquanto o governo pediu ajuda ao Fundo Monetário Internacional (FMI). "Parece que (a turbulência financeira) não vai se transformar em algo maior, mas haverá aceleração da inflação e ainda não sabemos o que o FMI vai pedir (para conceder o empréstimo)", disse Ravazanni.

Na última terça-feira, o Instituto Nacional de Estatísticas e Censo (Indec, o IBGE argentino) divulgou que a inflação de abril foi de 2,7% e que, no acumulado do ano, os preços já avançaram 9,6% - quase dois terços da meta anual de 15%.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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