Economia

Argentina endurece crítica a fundos abutres e pode ir à Haia

O governo argentino endureceu críticas contra fundos especulativos e antecipou que não descarta ir ao Tribunal de Haia por causa do conflito

Chanceler argentino, Héctor Timerman: fundos querem o pagamento total da dívida argentina (Lucas Jackson/Reuters)

Chanceler argentino, Héctor Timerman: fundos querem o pagamento total da dívida argentina (Lucas Jackson/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 3 de julho de 2014 às 12h41.

Buenos Aires - O governo argentino endureceu nesta quinta-feira as críticas contra os fundos especulativos que reivindicam o pagamento íntegro de dívida e antecipou que não descarta comparecer ao Tribunal de Haia por causa do conflito.

O chanceler argentino, Héctor Timerman, acusou o titular do fundo NML, Paul Singer, um dos querelantes contra a Argentina, de ter realizado uma manobra especulativa com uma empresa "em quebra" acusada por seus trabalhadores de manejo de material tóxico causador de câncer.

"Singer comprou a empresa por centavos e, a partir de fazer lobby (...), conseguiu limitar os pagamentos devido aos problemas de saúde dos operários(...) Há gente que morreu no transcurso da discussão, de câncer, outros abandonaram a briga porque um operário não pode continuar brigando ano após ano", denunciou.

"Quando terminou de limpar tudo isso em base ao lobby no Congresso dos Estados Unidos e através dos meios de comunicação que diziam que os operários estavam exagerando (...). conseguiu ganhar US$ 1 bilhão. Brincou com o câncer dos operários e não lhe importou, esse é Paul Singer", acusou o chanceler em entrevista a uma rádio argentina.

Além disso, Timerman disse que o Executivo não descarta levar o caso ao Tribunal Internacional de Haia.

Timerman está em Washington para participar junto ao ministro da Economia da Argentina, Axel Kicillof, de uma reunião especial da Organização dos Estados Americanos (OEA) na qual denunciarão as implicações da decisão adversa à Argentina no litígio com os fundos especulativos, por considerar que seja um precedente que pode afetar todos os processos de reestruturação da dívida estatal.

"O mundo se deu conta de que a Argentina quer pagar, o que não vai fazer é se suicidar", destacou Timerman.

Em relação à sessão da OEA, o chefe de Gabinete do governo de Cristina Kirchner, Jorge Capitanich, destacou a importância das exposições do ministro da Economia perante diferentes organismos internacionais para que sejam reconhecidas "as implicâncias sistêmicas desta decisão".

Capitanich sustentou que a Argentina tenta "explicar detalhadamente o problema" para gerar consciência sobre a necessidade de acertar normas internacionais que protejam os processos de reestruturação de dívida soberana.

"Em geral a República Argentina promoveu um modelo de negociação que defende seus interesses, mas também que manifesta sua vontade de pagamento", disse durante sua entrevista coletiva diária.

Capitanich também não descartou a possibilidade de comparecer a Haia, mas pediu para que "não se antecipem os passos" da negociação.

Representantes do governo argentino se reunirão na próxima segunda-feira com o mediador designado pelo juiz nova-iorquino Thomas Griesa, responsável pela decisão propícia aos fundos especulativos, que não aceitaram a reestruturação da dívida proposta pelo país em 2005 e 2010 e denunciaram a Argentina nos Estados Unidos.

Tal sentença mantém bloqueado o pagamento que a Argentina devia fazer na segunda-feira passada para os credores e mantém o país em risco de entrar em moratória se não achar uma solução antes do fim deste mês.

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