Economia

Argentina diz sofrer extorsão de fundos especulativos

Ministro da Economia se referiu à sentença que obriga país a pagar simultaneamente 1,33 bilhão de dólares e os vencimentos da dívida reestruturada

O ministro argentino da Economia, Axel Kicillof: ele afirmou que a Argentina sofre extorsão de fundos especulativos (AFP)

O ministro argentino da Economia, Axel Kicillof: ele afirmou que a Argentina sofre extorsão de fundos especulativos (AFP)

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Da Redação

Publicado em 25 de julho de 2014 às 15h40.

Buenos Aires - O governo argentino disse nesta sexta-feira ser vítima de uma extorsão judicial promovida pelos fundos especulativos, e garantiu que vai continuar pagando sua dívida reestruturada, apesar da decisão do juiz de Nova York Thomas Griesa de bloquear o dinheiro para os pagamentos.

"A decisão de Griesa é uma extorsão judicial", disse o ministro da Economia Axel Kicillof ao Conselho de Finanças da Unasul, reunido em Buenos Aires.

Kicillof se referiu à sentença do magistrado que obriga o país a pagar simultaneamente aos fundos especulativos o valor de 1,33 bilhão de dólares e os vencimentos da dívida reestruturada.

O ministro da Economia detalhou que os fundos especulativos promoveram cerca de 900 embargos de bens da Argentina, entre eles a fragata Libertad, da Marinha nacional, as reservas do Banco Central, satélites e até sedes diplomáticas.

"Qual é a intenção de embargar a embaixada argentina em Washington? Não é a intenção de extorquir o país?", perguntou Kicillof aos presentes. "Negociar nada, embargar tudo", respondeu um deles.

O ministro afirmou que na Argentina "ninguém quer um default, ninguém festeja um default". "Estamos dispostos a dialogar, mas não vamos aceitar a extorsão", disse.

A Argentina fez depósitos no dia 26 de junho nas contas de bancos estrangeiros intermediários para o pagamento de uma dívida com credores de títulos reestruturados em 30 de junho. Os depósitos, contudo, foram bloqueados por decisão da justiça americana. O prazo de carência para o pagamento vence na próxima quarta-feira. Se os credores não puderem cobrar o dinheiro, a Argentina corre o risco de entrar em moratória.

"A Argentina pagou, há um bloqueio da cobrança que funciona como um instrumento extorsivo para o país", disse o ministro.

O ministro afirmou que, apesar da medida judicial, o governo "continuará pagando todas as suas obrigações" correspondentes à dívida reestruturada, cujo próximo vencimento é em setembro.

Autoridades do governo argentino se reuniram nesta sexta-feira em Nova York com o mediador judicial designado por Griesa pelo segundo dia consecutivo para buscar uma saída para o conflito antes da próxima quarta-feira. A Argentina decidiu não se reunir diretamente com os fundos, segundo o mediador.

Esses fundos especulativos compraram a dívida argentina já em default e litigaram na justiça para cobrar 100% do valor dos títulos.

Na quinta-feira passada, o FMI advertiu sobre os riscos desta situação judicial para futuros processos de reestruturação da dívida.

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