Economia

Argentina deve entrar em estagnação econômica

Para o ex-presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, a sitaução da Argentina é insustentável e deve levar a um processo de estagnação da economia nos próximos anos


	A Argentina vem praticando fortes medidas de controle de importações e de acesso à moeda estrangeira até mesmo para turistas
 (©afp.com / Alejandro Pagni)

A Argentina vem praticando fortes medidas de controle de importações e de acesso à moeda estrangeira até mesmo para turistas (©afp.com / Alejandro Pagni)

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Da Redação

Publicado em 12 de junho de 2013 às 09h00.

São Paulo - A situação econômica da Argentina e sua relação com o Brasil foram tema de uma mesa redonda nesta terça-feira em São Paulo entre o ex-presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, e o economista e professor da American University, Arturo Porzecanski.

De acordo com Loyola, a situação econômica do país comandado por Cristina Kirchner é insustentável e deve levar a um processo de estagnação da economia nos próximos anos.

Segundo o ex-presidente do BC, a administração atual da Argentina está marcada por um processo de deterioração dos fundamentos macroeconômicos e das instituições, o que poderia levar o país vizinho a dar um segundo calote nos credores norte-americanos, como o de 2002.

"Mesmo que o modelo econômico seja revertido, a correção dos desequilíbrios vai tomar um tempo e com isso o país vai demorar a retomar o processo de crescimento", afirmou.

O país vizinho vem praticando fortes medidas de controle de importações e de acesso à moeda estrangeira até mesmo para turistas.

Em 2012, a Comissão Europeia impugnou, na Organização Mundial do Comércio (OMC), as restrições impostas a produtos do mercado externo pela Argentina.

A Comissão considera incompatíveis com as normas da OMC a subordinação à autorização e inscrição prévias exigida pelo país, a chamada declaração jurada antecipada de importação.

O país vizinho está cada vez mais isolado economicamente na comunidade internacional, o que reduziria as chances de obtenção de crédito pelo governo. Para Loyola, isso afeta diretamente as empresas brasileiras com interesse e operações na Argentina, além de prejudicar o Mercosul.

O economista acredita que o Brasil não deixará de estimular as relações comerciais com o vizinho, no entanto, destaca que a saída para a política macroeconômica brasileira é a criação de acordos multilaterais.


"O Brasil nunca vai deixar de ter investimentos e trocas com Argentina e Venezuela. O que não é adequado é atrelar a política econômica a estes dois países. O Brasil não pode carregar o Mercosul nas costas", explicou.

Já o professor Porzecanski acredita que o bloco composto pelos países da América Latina está fadado ao fracasso.

Para ele, o Brasil deve seguir o caminho do Chile e da Colômbia que negociaram acordos comerciais com mais de 60 nações e do Peru e México que fizeram parcerias com mais de 50 países, entre Estados Unidos e membros da União Europeia.

"O Brasil tem a sua frente uma grande oportunidade de forte liderança mundial, no entanto, é necessário que o país abandone alianças anacrônicas para ocupar seu lugar no mundo. Fica claro para mim que caminhamos para uma economia global formada por super blocos, não existindo aí nenhum futuro pra o Mercosul", vaticinou.

O professor do Departamento de Economia da Universidade de São Paulo (USP) Dante Mendes Aldrighi explicou à Agência Efe que como a maioria dos temas em economia, este também é alvo de muita controvérsia.

Segundo ele, o Brasil já passou por momentos semelhantes ao da Argentina, como no Plano Cruzado, e o resultado foi desastroso.

Para Aldrighi, a situação vivida pelo país vizinho é fruto de uma má gestão da economia de uma forma geral e a opção comercial do Brasil de fortalecer vínculos com o Mercosul é uma aposta arriscada porque os parceiros não são grandes players no mercado mundial.

Apesar disso, o professor acredita que o foco brasileiro deveria estar na definição de um plano estratégico de desenvolvimento.

"O Brasil precisa definir em que atividades desenvolver competência e em quais já teria vantagem competitiva para, a partir disso, definir sua estratégia comercial".

"O país deve ter uma estratégia de desenvolvimento pautada na eficiência na qual estivesse definido um conjunto de atividades que deveriam ser patrocinadas para fomentar o crescimento econômico", acrescentou.

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