Economia

Argentina adia pagamento de US$ 9,8 bilhões de dívida até 2021

País tenta renegociar parte da dívida pública com credores, que é de 311 bilhões de dólares, e já recebeu apoio do FMI

Alberto Fernández: governo do presidente Alberto Fernández se libera até 31 de dezembro de 2020 de pagar os bônus em dólares sob a lei argentina (Agustin Marcarian/Reuters)

Alberto Fernández: governo do presidente Alberto Fernández se libera até 31 de dezembro de 2020 de pagar os bônus em dólares sob a lei argentina (Agustin Marcarian/Reuters)

A

AFP

Publicado em 6 de abril de 2020 às 10h46.

Última atualização em 6 de abril de 2020 às 15h48.

Argentina adiou até 2021 os pagamentos de juros e amortizações de capital da dívida pública em dólares emitida sob jurisdição local por 9,8 bilhões de dólares, devido à pandemia do novo coronavírus, segundo um decreto publicado nesta segunda-feira (6).

O governo do presidente Alberto Fernández se libera até 31 de dezembro de 2020 de pagar os bônus em dólares sob a lei argentina, que não são suscetíveis de arbitragem internacional, à espera da negociação para reestruturar 68,842 bilhões de dólares de sua dívida com credores privados sob jurisdição estrangeira.

"A crise de saúde mundial gerada pela pandemia do coronavírus COVID-19 alterou os prazos previstos oportunamente no 'Cronograma de ações para a gestão do Processo de Restauração da Sustentabilidade da Dívida Pública Externa'", explica o decreto publicado no Diário Oficial.

No total, o governo adiará até 2021 pagamentos de 9,8 bilhões de dólares e terá que pagar este ano quase US$ 3,5 bilhões em títulos em moeda estrangeira emitidos sob jurisdição internacional.

"Esta decisão constitui um passo que estava contemplado no processo de restauração da sustentabilidade da dívida pública", afirmou à agência oficial Télam o ministro da Economia, Martín Guzmán.

O texto do decreto afirma que "resolver a situação da atual inconsistência macroeconômica requer de políticas de dívida como parte de um programa integral, com o objetivo de restaurar a sustentabilidade da dívida pública e recuperar um caminho de crescimento sustentável".

A Argentina autorizou em 10 de março uma reestruturação de sua dívida por 68,842 bilhões de dólares com detentores de títulos privados sob a lei estrangeira, e pretendia apresentar uma oferta até 31 de março, mas o cronograma foi adiado no contexto da crise global de saúde provocada pelo novo coronavírus.

É praticamente certo que a Argentina solicitará uma redução significativa de capital e juros, uma abordagem apoiada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).

A dívida pública da terceira maior economia da América Latina alcança 311 bilhões de dólares, equivalente a 90% de seu PIB.

Acompanhe tudo sobre:ArgentinaCoronavírusFMI

Mais de Economia

Governo avalia mudança na regra de reajuste do salário mínimo em pacote de revisão de gastos

Haddad diz estar pronto para anunciar medidas de corte de gastos e decisão depende de Lula

Pagamento do 13º salário deve injetar R$ 321,4 bi na economia do país este ano, estima Dieese

Haddad se reúne hoje com Lira para discutir pacote de corte de gastos