Economia

Aprovado para BC, Ilan Goldfajn defende tripé econômico

Ilan Goldfajn disse que o objetivo do Banco Central será o de cumprir plenamente a meta de inflação "mirando o seu ponto central"


	Ilan Goldfajn: "considero haver praticamente consenso de que é preciso reconstruir o quanto antes o tripé macroeconômico formado por responsabilidade fiscal, controle da inflação e regime de câmbio flutuante"
 (Agência Brasil/Marcelo Camargo)

Ilan Goldfajn: "considero haver praticamente consenso de que é preciso reconstruir o quanto antes o tripé macroeconômico formado por responsabilidade fiscal, controle da inflação e regime de câmbio flutuante" (Agência Brasil/Marcelo Camargo)

DR

Da Redação

Publicado em 7 de junho de 2016 às 22h43.

Brasília - O indicado à presidência do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou nesta terça-feira que o objetivo da autoridade monetária será o de cumprir plenamente a meta de inflação "mirando o seu ponto central", destacando que a manutenção de nível baixo e estável de inflação é condição essencial para o crescimento sustentável.

Em discurso na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, onde foi sabatinado pelos parlamentares, Ilan disse ainda que haverá "respeito ao regime de câmbio flutuante" caso assuma o BC e também defendeu a reconstituição do tripé macroeconômico.

"Considero haver praticamente consenso de que é preciso reconstruir o quanto antes o tripé macroeconômico formado por responsabilidade fiscal, controle da inflação e regime de câmbio flutuante, que permitiu ao Brasil ascender econômica e socialmente em passado não muito distante", afirmou ele.

A indicação de Ilan foi aprovada pela CAE, depois de quatro horas de sabatina, pelo placar de 19 votos a favor e 8 contra. No plenário, sua indicação foi aprovada por 56 votos a favor e 13 contra. Para que o ex-economista-chefe do banco Itaú assuma o cargo, sua nomeação precisa ser publicada no Diário Oficial da União, no qual também sairá a exoneração do atual presidente da autoridade monetária, Alexandre Tombini.

Após o discurso de Ilan na CAE, o dólar passou a cair frente ao real, com alguns operadores entendendo que ele teria indicado ser favorável a menos intervenções no mercado de câmbio e, assim, estaria confortável com a moeda abaixo de 3,50 reais.

Depois de dizer que as reservas internacionais são um seguro que vale a pena manter em momentos de incerteza, Ilan assinalou que, passado esse período mais turbulento, uma análise sobre o nível ótimo desse colchão seria "debate extremamente oportuno" devido ao custo de sua manutenção. Ele fez a mesma avaliação sobre o estoque de swaps cambiais.

Ilan disse o cenário atual é desafiador, com níveis de instabilidade política e econômica superiores à média histórica. Mas considerou que as medidas recém-anunciadas pelo governo interino de Michel Temer estão na direção correta, completando que a eficiência da política monetária será tanto maior quanto mais bem-sucedidos forem os esforços na implementação de reformas estruturais e na recuperação fiscal.

Ilan afastou a ideia de que o país vive período de estagflação e ressaltou que atravessa umas das piores recessões de sua história.

Ele também descartou a situação de dominância fiscal, em referência à avaliação de que a política monetária estaria perdendo eficácia por conta dos desarranjos nas contas públicas. Durante a sabatina, ele disse que é preciso criar condições para a queda dos juros básicos da economia e que as reformas são um pilar para tanto.

A reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC tem início nesta terça-feira, com o resultado no dia seguinte, e as expectativas gerais dos agentes econômicos são de que a Selic será mantida em 14,25 por cento ao ano no último encontro sob a batuta do atual presidente do BC, Alexandre Tombini.

Pouco antes de deixar o banco Itaú, onde exercia o cargo de economista-chefe até sua indicação ao BC, Ilan via espaço para corte na Selic no segundo semestre, a partir de julho, diante da contínua melhora no balanço de riscos para a inflação. Ilan já ocupou a diretoria de Assuntos Econômicos do BC entre 2000 e 2003. Agora, a expectativa é que ganhe o aval do Senado para o comando da autoridade monetária em meio a cenário de inflação ainda alta.

Para ele, comunicação e transparência do BC também são instrumentos de política monetária.

CRESCIMENTO DE VOLTA

Aos senadores, Ilan disse acreditar que a volta do crescimento econômico no fim deste ano ou no início de 2017 é factível, mas condicionada a medidas concretas, como a aprovação de reformas pelo Congresso Nacional.

Ele disse que a criação de um teto para as despesas públicas, proposta anunciada pelo atual governo mas ainda não encaminhada ao Legislativo, é fundamental. "Nós precisamos dar ordem à dinâmica da dívida", disse.

Ilan defendeu a autonomia técnica e operacional do BC, ao invés de independência, para que tenha "liberdade de usar os instrumentos para perseguir os objetivos do governo". Ele destacou ainda que uma diretoria composta por funcionários de carreira e do setor privado é a "combinação ideal".

Sobre o cenário externo, Ilan considerou que também é "desafiador" e ressaltou que "o período de ventos favoráveis na economia global ficou no passado e a era de juros nulos ou negativos está perto de seu fim, pelo menos nos Estados Unidos".

Ao falar da China, avaliou que a economia está desacelerando, mas que o receio de parada brusca não deve ocorrer.

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralIlan GoldfajnMercado financeiro

Mais de Economia

Economia argentina cai 0,3% em setembro, quarto mês seguido de retração

Governo anuncia bloqueio orçamentário de R$ 6 bilhões para cumprir meta fiscal

Black Friday: é melhor comprar pessoalmente ou online?

Taxa de desemprego recua em 7 estados no terceiro trimestre, diz IBGE