Desde as críticas feitas ao relatório do deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), Guedes tem ficado em silêncio, mas deve se encontrar hoje com presidente do Senado (Adriano Machado/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 27 de junho de 2019 às 13h55.
Última atualização em 27 de junho de 2019 às 14h07.
Brasília — O ministro da Economia, Paulo Guedes, trabalha agora para baixar a temperatura depois da nova crise com o Congresso provocada pelos ruídos gerados em torno de sua conversa com o governador do Ceará, Camilo Santana (PT). Guedes falou na quarta-feira, 26, pelo celular com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e irá logo mais à residência oficial do Senado para um encontro com o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Alcolumbre é um dos mais irritados com o governo pelos seguidos ataques aos congressistas.
Desde as críticas feitas ao relatório do deputado Samuel Moreira (PSDB-SP) da proposta da reforma da Previdência, Guedes tem ficado em silêncio para não atrapalhar as últimas negociações para a votação da matéria.
Nas conversas que já teve com parlamentares, o ministro tem negado que disse na reunião com o governador petista que o Congresso é uma "máquina de fazer corruptos".
Pelo contrário, Guedes tem reforçado aos parlamentares que sua frase foi retirada do contexto da conversa. Em nota na quarta-feira, disse que as frases foram usadas no sentido oposto.
Na equipe econômica, no entanto, já eram esperadas novas desidratações do texto. Tanto na comissão quanto no plenário da Câmara. Muitos assessores atribuem o ruído em torno do encontro de Guedes com o governador do PT à intriga da oposição.
O mal-estar e os ruídos, porém, ainda não estão resolvidos depois do episódio da quarta, que pegou todos de surpresa. A votação em plenário antes do recesso parlamentar não está certa, apesar da declaração de Maia dada, nesta quinta-feira, de que a "ideia é resolver semana que vem na Comissão Especial e na outra, no plenário". Maia tenta construir esse acordo com os líderes.
O presidente da Câmara apelou para que haja menos intriga nas relações com o Congresso e provocou Guedes ao dizer que o "sapo morre pela boca". "Como eu disse, o sapo morre pela boca, quero dizer, o peixe", afirmou Maia, fazendo uma correção para ser fiel ao ditado popular.
O cronograma de votação será acertado em reunião com líderes, mas ainda há pressões dos partidos para muitas mudanças, principalmente para policiais, professores e regra de cálculo da aposentadoria. Interlocutores do governo reclamam, por sua vez, da pressão por liberação de emendas dos partidos do Centrão.
No governo, a avaliação é de que, por trás do "humor" dos parlamentares e de Maia, está a preocupação com os ataques que o Congresso poderá sofrer em novas manifestações populares que devem ocorrer no fim de semana.
Paulo Guedes se reuniu com o filho do presidente e senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) na manhã desta quinta-feira, 27. Na saída do encontro, ele afirmou que a reunião desta manhã foi para tratar do projeto do novo pacto federativo que deve começar a tramitar no Senado após o recesso parlamentar.
Flávio Bolsonaro não deu uma data para apresentação do texto, mas disse que ele e outros senadores devem entregar o projeto na Casa como coautores. "O pacto federativo será uma forma de dar protagonismo ao Senado. Queremos apresentar um texto já consolidado seguindo a ideia de mais Brasil e menos Brasília para que os recursos sejam transferidos com mais eficiência para Estados e municípios", comentou.
Perguntado se a apresentação do texto não atrapalharia o andamento da reforma da Previdência no Senado, o senador Flávio Bolsonaro respondeu que "uma coisa não está prendendo a outra", mas reconheceu que a prioridade no momento é aprovar a mudança no regime de aposentadorias.
O parlamentar ainda evitou comentar as trocas de farpas entre o ministro Guedes e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em torno da Previdência. "Essas são discussões muito pequenas diante da importância da reforma", completou.