Vice-presidente, Geraldo Alckmin: Brasil envia para estreitar relações comerciais com México nesta semana e já prepara nova missão, no Canadá (Leandro Fonseca/Exame)
Editor de Macroeconomia
Publicado em 27 de agosto de 2025 às 13h55.
Última atualização em 27 de agosto de 2025 às 14h08.
CIDADE DO MÉXICO* - O Brasil aposta em estreitar os laços comerciais com a América do Norte, em especial com Canadá e México.
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, lidera nesta semana uma comitiva brasileira no México na busca de ampliar as relações comerciais entre os países.
E o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também buscará estreitar os laços comerciais do país com o Canadá e fará uma missão comercial no país a partir do dia 10 de setembro.
Com as visitas, o Brasil abre negociações e se aproxima de dois dos maiores parceiros comerciais do Estados Unidos em um momento em que o tarifaço promovido pelo presidente Donald Trump traz incerteza ao mundo - e em especial ao Brasil, México e Canadá.
“Nossa tarefa é aproximar ainda mais essas duas maiores democracias e economias da América Latina”, disse Alckmin em abertura de um café da manhã com empresários na Cidade do México, capital do país, nesta quarta-feira, 27.
Segundo Alckmin, ele e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, receberam o ministro de Comércio Internacional do Canadá, Maninder Sidhu, nesta semana.
"Existe uma boa possibilidade de avançarmos [nas conversas com o Canadá]. O Mercosul está ampliando os acordos, como Mercosul-Singapura, Mercosul-União Europeia, o Mercosul-EFTA (países mais ao norte da Europa, Noruega, Suíça, Islândia e Liechtenstein) está avançando, além de acordos com Emirados Árabes, Canadá", afirmou o vice-presidente. "Esse é o bom caminho: defender o
multilateralismo e o livre comércio."
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Questionado se iria aos Estados Unidos pela EXAME, Alckmin apontou apenas que a relação com a maior economia do mundo é prioridade para o Brasil
"Os Estados Unidos são prioridade do Brasil. Temos 201 anos de parceria e amizade. Então, é diálogo e buscarmos avançar, fazendo um ganha-ganha em termos de complementariedade econômica", disse.
Segundo o vice-presidente, Brasil e México podem avançar em negociação de abertura de mercados em produtos agropecuários e em questões sanitárias, além de esperar a renovação, com prazo bianual, do Paquete Contra la Inflación y la Carestía (PACIC), programa que zera as tarifas para produtos da cesta básica no México para diminuir a inflação local e abriu mercado para exportações brasileiras no país.
"Na área industrial, há boas possibilidades de novos investimentos recíprocos, de atualizarmos a ACE53, que é o Acordo de Cooperação Brasil-México, deve ser atualizado", afirmou.
O presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, apontou que o México é o sétimo destino dos produtos do Brasil. "E nós somos o nono destino dos produtos do México", afirmou.
Ele destacou o crescimento das exportações de carne bovina do Brasil para o país, que saltou de pouco mais de US$ 20 milhões em 2023 para US$ 400 milhões neste ano.
"A Embraer também, que já tem mais de 100 aviões voando aqui, gera mais de mil empregos só numa cadeia produtiva que faz. Manda para os Estados Unidos esse produto para produção de avião lá e também no Brasil [a partir do México]", afirmou, citando outras empresas que podem se beneficiar como a Weg e a Marcopolo.
Viana comentou que o Brasil vem intensificando a agenda diplomática com o México desde a visita oficial de Lula a Sheinbaum no ano passado, quando ela foi eleita.
“Mas queria dizer que o trabalho que estamos fazendo não é só com o México. É com o México e o Canadá”, afirmou Viana. “No dia 10 e 11 de setembro, já vamos estar no Canadá. São dois países extraordinários, com uma logística muito parecida com a dos Estados Unidos.”
Para ele, a pauta exportadora diversificada e de alto valor agregado, característica comum ao comércio nacional com todos os países da América do Norte.
"[O comércio com o México] é muito diversificado, muito rico, porque a gente também tem produtos com alto valor agregado, como é para os Estados Unidos e como a gente quer fazer com uma ampliação para o Canadá, principalmente com o acordo Mercosul-Canadá", afirmou Viana.
O vice-presidente Geraldo Alckmin em encontro com empresários na Cidade do México nesta quinta-feira, 27 (Luciano Pádua/Exame)
Participaram do encontro com Alckmin autoridades brasileiras, como o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e o embaixador brasileiro no país, Nedilson Jorge.
Do setor privado, grandes companhias como Natura, Braskem, Stefanini, Marcopolo, Gerdau, Odata, Ternium, Embraer, Nubank, BRF, Petrobras, WEG, Eurofarma e Stellantis enviaram representantes, além de associações setoriais como a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) e a Confederação Nacional da Indústria (CNI).
* O jornalista viajou a convite da ApexBrasil