Economia

Após denúncia contra Temer, mercado vê corte menor da Selic

As taxas dos contratos futuros de juros dispararam nesta quinta-feira e fecharam nos limites máximos de negociação para o pregão

Temer: "O mercado agora tem certeza de que a reforma (da Previdência) vai atrasar. É um cenário péssimo, abala a confiança no país e interrompe a caminhada do Brasil de volta ao grau de investimento" (Ueslei Marcelino/REUTERS/Reuters)

Temer: "O mercado agora tem certeza de que a reforma (da Previdência) vai atrasar. É um cenário péssimo, abala a confiança no país e interrompe a caminhada do Brasil de volta ao grau de investimento" (Ueslei Marcelino/REUTERS/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 18 de maio de 2017 às 17h11.

São Paulo - As taxas dos contratos futuros de juros dispararam nesta quinta-feira e fecharam nos limites máximos de negociação para o pregão, repercutindo a aversão ao risco depois que denúncias atingiram o presidente Michel Temer e com os investidores já apostando que o Banco Central vai desacelerar o ritmo de cortes da Selic agora.

"O mercado agora tem certeza de que a reforma (da Previdência) vai atrasar. É um cenário péssimo, abala a confiança no país e interrompe a caminhada do Brasil de volta ao grau de investimento", afirmou o diretor da corretora Mirae Asset, Pablo Spyer.

Os DIs precificavam cerca de 80 por cento de chances de redução de 0,50 ponto percentual da Selic no encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) no final do mês e o restante era de apostas de 0,75 ponto, segundo dados da Reuters Na véspera, a grande maioria das apostas indicava corte de 1,25 ponto agora.

Profissionais ponderaram, entretanto, que devido ao nervosismo do negócios e a paralisia após as taxas terem atingido os limites de máxima, a precificação deve sofrer ajustes.

A Selic está hoje em 11,25 por cento ao ano, após dois cortes de 0,25 ponto cada, dois de 0,75 ponto e um de 1 ponto.

O CDS de 5 anos do Brasil chegou a disparar 68 pontos-base nesta sessão e foi a 274 pontos-base, o maior nível desde janeiro.

Na noite passada, notícias informaram que o empresário Joesley Batista, do frigorífico JBS, gravou o presidente Temer dando aval à compra do silêncio do ex-deputado federal Eduardo Cunha.

O temor era de que as reformas, em especial da Previdência, sejam deixadas de lado neste momento de forte turbulência política.

Temer, em pronunciamento poucos minutos antes do fechamento do mercado, afirmou que não vai renunciar ao cargo e que "em nenhum momento" autorizou o pagamento pelo silêncio de alguém.

Como a maioria dos ativos operava desde cedo nos limites máximos de negociação, a B3 divulgou comunicado elevando esses percentuais e os DIs os atingiram em seguida e assim se mantiveram praticamente toda a sessão.

O Tesouro Nacional, que já tinha suspendido o leilão tradicional de Letras do Tesouro Nacional (LTN) e Letras Financeiras do Tesouro (LFT) desta quinta-feira, anunciou leilões extraordinários de venda e compra para os próximos três dias em razão da volatilidade do mercado.

Serão feitos leilões de compra e venda de LTN, Notas do Tesouro Nacional, série F (NTN-F) e de Notas do Tesouro Nacional (NTN-B).

A última vez que o Tesouro atuou dessa maneira foi em setembro de 2015, também em meio à crise política que antecedeu o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

"É uma situação de pânico geral, com incerteza total em relação aos desdobramentos", afirmou o estrategista da Fator Administração de Recursos, Paulo Gala.

O BC também ampliou sua atuação no mercado de câmbio, fazendo diversos leilões de swap cambial tradicional, além da rolagem do vencimento de junho.

Até então, os mercados financeiros estavam vivendo uma espécie de lua-de-mel com o governo Temer, apostando que ele conseguiria angariar votos suficientes para aprovar as reformas no Congresso Nacional.

O dólar, nesta semana, chegou a fechar abaixo do patamar de 3,10 reais.

Além disso, a economia vinha dando alguns sinais de recuperação, depois de dois anos seguidos de forte recessão.

A inflação também vinha perdendo fôlego e possibilitando que o BC fizesse reduções importantes na taxa básica de juros, o que tem potencial para estimular o consumo.

Veja as taxas dos principais contratos de DIs às 16:30:

 

mêsticker (%)último fechamentovariação
jul/1710,7610,3610,399
jan/1810,0758,9751,1
jan/1910,418,811,6
jan/2111,399,591,8
jan/2311,759,951,8

 

Acompanhe tudo sobre:JurosMercado financeiroMichel TemerReforma da PrevidênciaSelic

Mais de Economia

Taxa de desemprego recua em 7 estados no terceiro trimestre, diz IBGE

China e Brasil: Destaques da cooperação econômica que transformam mercados

'Não vamos destruir valor, vamos manter o foco em petróleo e gás', diz presidente da Petrobras

Governo estima R$ 820 milhões de investimentos em energia para áreas isoladas no Norte