Economia

Após cair 1%, dólar ronda estabilidade com ação do BC

A moeda norte-americana abriu os negócios nesta manhã em forte baixa após Guido Mantega afirmar à Reuters que o governo não deixaria o dólar ceder a 1,85 real


	Dólar: para alguns analistas, a intervenção do BC também teve o objetivo de retirar o excesso de volatilidade do dólar.
 (Marcos Santos/USP Imagens)

Dólar: para alguns analistas, a intervenção do BC também teve o objetivo de retirar o excesso de volatilidade do dólar. (Marcos Santos/USP Imagens)

DR

Da Redação

Publicado em 8 de fevereiro de 2013 às 14h53.

São Paulo - Após cair 1 por cento ante o real pela manhã e chegar ao patamar de 1,95 real, o dólar operava praticamente estável nesta sexta-feira após o Banco Central fazer uma intervenção e indicando que esse poderia ser o piso de uma nova banda informal.

A moeda norte-americana abriu os negócios nesta manhã em forte baixa após o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmar à Reuters que o governo não deixaria o dólar ceder a 1,85 real, alimentando as interpretações de que a divisa poderia cair ainda mais.

Para alguns analistas, no entanto, a intervenção do BC também teve o objetivo de retirar o excesso de volatilidade do dólar, que na véspera já havia recuado 0,82 por cento ante o real.

Às 14h00, a moeda norte-americana registrava alta de 0,02 por cento, cotada a 1,9723 real na venda. Segundo dados da BM&F, o volume negociado estava em torno de 1,115 bilhão de dólares.

"Eles (BC) parecem estar fazendo duas coisas: uma é tentar desacelerar a apreciação do real, mas eles também parecem estar colocando um limite de 1,95 real por dólar, pelo menos por enquanto", afirmou o estrategista-chefe para a América Latina do IDEAglobal em Nova York, Enrique Alvarez.

O teto dessa nova banda informal, segundo operadores, é de 2 reais. Por boa parte do ano passado, o dólar também ficou preso a um intervalo restrito, entre 2 e 2,10 reais.

Logo no início da sessão, o dólar bateu 1,9510 real na mínima do dia, com o mercado buscando novos patamares com a entrevista de Mantega. A fala veio após o pregão agitado da véspera, quando o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, expressou preocupações com a inflação, fazendo os contratos de juros futuros dispararem e o dólar recuar para o menor nível em quase nove meses.


Em resposta à rápida valorização do real, o BC anunciou um leilão de swap cambial reverso no final da manhã, equivalente a uma compra de dólares no mercado futuro e que ajuda a puxar o dólar para cima. O BC não realizava leilões de swap cambial reverso desde o final de outubro.

Uma fonte do governo já havia mostrado desconforto com o movimento do mercado na manhã desta sexta-feira, ao dizer à Reuters que a apreciação do real ante o dólar estava sendo "um tanto exagerada" diante dos fundamentos da economia brasileira e expectativas para a moeda.

Para o economista-chefe do BES Investimento, Jankiel Santos, o mercado estava tentando entender qual é o novo piso de negociação do dólar. Até as declarações de Mantega, o mercado via 1,95 real como limite, mas o número dado pelo ministro abriu espaço para interpretações de que o governo toleraria um dólar ainda mais depreciado.

"A falta de volatilidade da moeda ou a perspectiva de ter um dólar estável em torno de 2 reais já traria benefício para a inflação", afirmou Santos.

O mercado tem apostado recentemente que as autoridades brasileiras usarão o câmbio como ferramenta de contenção da inflação, embora o governo já tenha rechaçado essa alternativa.

Após a divulgação do IPCA de janeiro na quinta-feira, Tombini afirmou que a inflação continuará pressionada e que deverá ficar na casa dos 6 por cento em 12 meses durante o primeiro semestre do ano, muito próxima do teto da meta, de 6,5 por cento.

Acompanhe tudo sobre:CâmbioDólarGuido MantegaMoedasPersonalidadesPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileiros

Mais de Economia

Presidente do Banco Central: fim da jornada 6x1 prejudica trabalhador e aumenta informalidade

Ministro do Trabalho defende fim da jornada 6x1 e diz que governo 'tem simpatia' pela proposta

Queda estrutural de juros depende de ‘choques positivos’ na política fiscal, afirma Campos Neto

Redução da jornada de trabalho para 4x3 pode custar R$ 115 bilhões ao ano à indústria, diz estudo