Economia

Apoio do BNDES ao setor aéreo depende das companhias, diz Montezano

Segundo presidente do banco, companhias fizeram a "gestão de passivos" requerida e, agora, depende delas apertar o botão e fazer ofertas de títulos

Gustavo Montezanno: "Desde o início da crise, o foco das medidas corporativas foram as MPEs" (Adriano Machado/Reuters)

Gustavo Montezanno: "Desde o início da crise, o foco das medidas corporativas foram as MPEs" (Adriano Machado/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 19 de agosto de 2020 às 15h11.

Última atualização em 19 de agosto de 2020 às 15h12.

O apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ao setor aéreo depende agora do aceite das companhias, afirmou nesta quarta-feira, 19, o presidente da instituição de fomento, Gustavo Montezano.

Ao comentar sobre a demora de quase cinco meses para colocar a linha de apoio para funcionar - até hoje, a primeira operação ainda não foi fechada -, o executivo disse que a "gestão de passivos" por parte das companhias era um requisito inicial e que, atualmente, "algumas empresas têm dúvidas se precisam do recurso" do BNDES.

Segundo Montezano, as companhias aéreas fizeram a "gestão de passivos" requerida e, "agora, depende delas apertar o botão e fazer as ofertas" de títulos de dívida conversíveis em ações, modelo escolhido pelo BNDES para a linha de apoio ao setor. "Do nosso lado, estamos preparados e aguardando a decisão das empresas", afirmou o presidente do banco de fomento, em transmissão ao vivo pela internet promovida pelo jornal Valor Econômico, da qual participou de casa, já que Montezano foi diagnosticado com covid-19 e está em isolamento, embora assintomático.

Antes de reafirmar a decisão do BNDES de optar por uma linha de apoio com condições de mercado e com participação de financiadores privados para o setor de transporte aéreo, Montezano ressaltou que, desde o início, o foco das medidas do governo federal para mitigar a crise provocada pela covid-19 foram as médias, pequenas e microempresas (MPEs). Dessa forma, as linhas setoriais para as grandes companhias, como as aéreas, foram todas desenhadas em parceria com financiadores privados e com condições "transversais", ou seja, iguais para todas as empresas.

"Desde o início da crise, o foco das medidas corporativas foram as MPEs. As grandes empresas seriam atingidos pelo mercado privado bancário ou o mercado de capitais. E estamos vendo isso acontecer", afirmou Montezano.

Segundo o presidente do BNDES, o compartilhamento das linhas de apoio às grandes empresas com financiadores privados, com condições de mercado e sem subsídios, contribui para a governança das medidas. O executivo criticou a forma como o banco de fomento já fez operações do tipo no passado.

"Aprendemos, no passado, a duras penas os males de (o BNDES) escolher os beneficiários", afirmou Montezano.

Para o apoio às MPEs, o presidente do BNDES chamou atenção para o que chamou de "próxima" onda de medidas de crédito, concretizadas na sanção de quatro leis pelo presidente Jair Bolsonaro, que será formalizada em cerimônia marcada para o fim da tarde desta quarta-feira, 19, em Brasília.

As medidas que serão sancionadas incluem o orçamento adicional para o Pronampe, linha de crédito operacionalizada pelo Banco do Brasil (BB), a melhoria de condições do Peac, programa baseado na ampliação do FGI, o fundo de avais a empréstimos administrado pelo BNDES, a reformulação da linha de crédito para financiar a folha de salários, lançada pelo Banco Central (BC) com recursos do Tesouro Nacional, e o Peac-Maquininhas, nova modalidade do programa que usará recebíveis de receitas atreladas ao uso das máquinas de cartões como garantia de crédito.

Com as medidas, o crédito para pequenas empresas "vai deslanchar até o fim do ano", disse Montezano, lembrando que o BNDES opera três das quatro novas ações a serem sancionadas nesta quarta.

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