Economia

Apogeu de emprego nos EUA abre caminho para aumento dos juros

A economia americana criou 235.000 empregos líquidos no mês passado e a taxa de desemprego caiu em um décimo de ponto percentual, a 4,7%

EUA: os dados podem levar o Federal Reserve (Fed), que se reunirá na terça e quarta-feira da semana que vem, decidir aumentar a taxa de juros (Carlo Allegri/Reuters)

EUA: os dados podem levar o Federal Reserve (Fed), que se reunirá na terça e quarta-feira da semana que vem, decidir aumentar a taxa de juros (Carlo Allegri/Reuters)

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AFP

Publicado em 10 de março de 2017 às 16h42.

O crescimento do emprego em fevereiro nos Estados Unidos, estimulado pelo otimismo empresarial com o presidente Donald Trump, abriu caminho para que o Fed aumente da taxa de juros na semana que vem.

A economia americana criou 235.000 empregos líquidos no mês passado. Os analistas não esperavam mais que 188.000, segundo dados divulgados nesta sexta-feira pelo Departamento de Comércio.

A taxa de desemprego caiu em um décimo de ponto percentual, a 4,7%.

Por outro lado, o Departamento de Comércio revisou em alta os dados de janeiro e confirmou 238.000 empregos novos; a quantidade mais alta em quatro meses.

Os dados podem levar o Federal Reserve (Fed), que se reunirá na terça e quarta-feira da semana que vem, decidir aumentar a taxa de juros.

"Todo dado de emprego acima de 200.000 é um aval para o aumento dos juros", disse à AFP Joe Gagnon, economista do instituto Peterson de Economia Internacional.

"A menos que um asteroide caia em Washington, (o relatório sobre os dados do mercado de trabalho) é mais do que suficiente para garantir o aumento da taxa de juros na semana que vem", disse Ian Shepherdson, da Pantheon Macroeconomics.

Só o setor de produção de bens criou 95.000 postos de trabalho, seu nível mais alto em 17 anos.

Em um clima excepcionalmente clemente para um mês de fevereiro, o setor de construção civil contratou 58.000 trabalhadores; no avanço mais expressivo desde março de 2007.

Um dado ideal

A administração de Trump não demorou a elogiar os dados. "É um dado perfeito", disse Gary Cohn, presidente do Conselho Econômico da Casa Branca.

"Dissemos que queríamos o retorno dos empregos (aos Estados Unidos) e esse dado reflete o que tentamos fazer", disse Cohn à rede CNBC.

Cohn recordou as promessas feitas aos presidentes de grandes corporações que foram convidados por Trump à Casa Branca.

"Todos esses presidentes (de empresas) que reunimos (na Casa Branca), seja da Exxon, da Sprint ou da Intel, prometeram gerar muitos postos de trabalho nos Estados Unidos", disse.

"Esses empregos não foram ainda criados. São futuras contratações", acrescentou.

Nos últimos três meses, a média mensal de novos empregos subiu para 209.000 de 179.000 no trimestre anterior.

Em fevereiro, a quantidade de desempregados nos Estados Unidos foi de 7,5 milhões. Os empregados em tempo parcial foram 5,7 milhões.

O emprego teve um sólido desempenho em todos os setores econômicos, salvo no de distribuição.

Os analistas destacaram o aumento de quase 30.000 trabalhadores na área de educação. Atribuíram isso ao fato de as empresas terem voltado a investir na formação contínua de seus funcionários, o que é visto como sinal de confiança na economia.

A taxa de participação no emprego, que contabiliza os que trabalham e os que buscam emprego, subiu para 63% da população economicamente ativa. É a maior taxa desde março de 2014.

Isso mostra que os desempregados, que estavam desalentados, começam a voltar ao mercado de trabalho.

Paul Ashworth de Capital Economics disse que este relatório "acaba com toda dúvida sobre um aumento da taxa de juros na próxima semana".

A presidente do Fed, Janet Yellen, adiantou que isso será discutido na reunião que começa terça-feira.

Esse aumento da taxa de juros seria o segundo em quatro meses e o primeiro desde a posse de Trump, em 20 de janeiro.

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