Estados Unidos: no domingo, o Fed anunciou a redução da taxa de juros para quase zero (Mike Stone/Reuters)
Reuters
Publicado em 19 de março de 2020 às 14h47.
Última atualização em 19 de março de 2020 às 14h48.
A crise do coronavírus quase certamente encerrou a maior expansão dos Estados Unidos já registrada e levou a economia ao início de uma pequena queda, de acordo com analistas consultados pela Reuters, que projetam 80% de chance de recessão este ano.
O Federal Reserve, em uma ação de emergência no domingo, reduziu a taxa de juros para quase zero e reiniciou seu programa de compras de ativos. Desde então, já acrescentou trilhões de dólares em liquidez para manter os mercados em funcionamento.
Mas isso não será suficiente para impedir uma recessão, embora os economistas pareçam achar que o golpe será duro mas temporário, com a maioria esperando pelo menos uma recuperação modesta na segunda metade do ano.
"Acreditamos que a economia dos EUA entrou em recessão, juntando-se ao resto do mundo, e é um mergulho profundo ... Embora o declínio seja grave, acreditamos que será de curta duração", disse Michelle Meyer, economista do BofA Merrill Lynch, que espera que o Produto Interno Bruto recue 12% no segundo trimestre, depois de crescer apenas 0,5% no atual.
"Esperamos que a economia retorne ao crescimento no terceiro trimestre. Empregos serão perdidos, a riqueza será destruída e a confiança diminuída. A salvação virá se houver uma resposta política direcionada e agressiva para compensar a perda de atividade econômica e garantir um bom desempenho do sistema financeiro", afirmou.
Na pesquisa da Reuters, realizada após o movimento emergencial do Fed no domingo, a probabilidade de uma recessão nos EUA saltou para 80% nos próximos 12 meses, ante percentual de 30% em uma pesquisa realizada apenas duas semanas atrás, com base em respostas a uma pergunta adicional sobre o longo prazo.
Isso ressalta a rapidez com que a severidade do golpe na economia está se tornando aparente.
A expectativa é de que a economia dos EUA cresça 0,7% no trimestre atual, cerca da metade da taxa prevista em uma pesquisa da Reuters publicada há um mês, e muito abaixo da última taxa real registrada de 2,1% nos últimos três meses de 2019.
A economia deve então recuar 5,0% no próximo trimestre, ante crescimento de 1,8% na pesquisa de 20 de fevereiro, com previsões variando em uma ampla faixa, de queda de 25,0% a alta de 0,6%.
Entre os cerca de 40 economistas consultados, apenas 20 entrevistados preveem uma recessão técnica, definida como dois trimestres consecutivos de contração, com a maioria dizendo que isso acontecerá no primeiro semestre deste ano.
A previsão mediana para o pior cenário possível foi uma contração econômica no trimestre atual de 1,0% e, em seguida, de 6,0% no segundo trimestre.
Por enquanto, espera-se que a economia se recupere no segundo semestre de 2020, crescendo 1,5% no terceiro trimestre e 2,5% no último trimestre deste ano.
As perspectivas de crescimento para o ano inteiro de 2020 foram reduzidas para 0,5%, ante patamar de 1,8% previsto no mês passado e, no pior cenário, pode ocorrer queda de 2%, de acordo com a mediana das respostas.