Alexandre Tombini: "isso já produziu alguns resultados. A inflação, medida pelo IPCA, recuou 1,1 ponto porcentual desde o pico atingido em 2013", disse (Stephen Yang/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 18 de fevereiro de 2014 às 18h48.
São Paulo - O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou nesta terça-feira, 18, em entrevista coletiva para a imprensa internacional, que o Brasil tem feito a sua lição de casa para combater a inflação e que tem sido bem-sucedido em seus esforços.
Tombini lembrou que o Banco Central elevou a taxa básica de juros em 3,25 pontos porcentuais desde o início do ano passado. "Isso já produziu alguns resultados. A inflação, medida pelo IPCA, recuou 1,1 ponto porcentual desde o pico atingido em 2013". Ele ressaltou, porém, que a política monetária opera com defasagens. "Nós ainda teremos impactos mais para frente do que foi feito até agora na inflação".
Segundo Tombini, o Banco Central continuará a observar de perto os desdobramentos dos preços. "Nós queremos assegurar que a inflação continue em declínio em 2014 e além".
Sobre o câmbio, ele destacou que o real tem tido grande flexibilidade nesse período atual de transição nos mercados financeiros globais, depois da crise financeira global, devido à taxa cambial flutuante no País. "Isso é uma maneira direta de lidar com a situação de aperto de liquidez global", afirmou o presidente do BC.
Segundo Tombini, o Brasil está em uma situação confortável para lidar com esse período de transição. "Nós acumulamos colchões cambiais durante anos, temos um setor financeiro que é competitivo, bem provisionado e capitalizado e temos taxas de retornos bem aceitáveis". Ele afirmou também que a dívida externa com vencimento em um ano é muito pequena se comparada ao nível das reservas internacionais do País. "Nós temos vários indicadores da capacidade do Brasil de conseguir superar bem esse processo de transição na condição financeira global", acrescentou.
Tombini afirmou que o País acumulou colchões de liquidez domésticos em termos de exigências de reserva capital e em reservas internacionais. "Nós podemos utilizar esses colchões de maneiras diferentes para ajudar a mitigar as implicações reais dos preços relativos sobre a economia". Ele alertou, contudo, que isso não deve ser confundido com fragilidades. "Isso é um passo necessário no processo de normalização".
"É claro que, após cinco anos de crise financeira internacional, essa transição trouxe riscos de volatilidade e nós precisamos lidar com isso", afirmou Tombini. Segundo ele, o Banco Central tem utilizado uma abordagem direta em relação a esse processo de mudança. "Nós adotamos políticas, mudamos a linguagem no que diz respeito à política monetária e começamos a lidar com as condições monetárias em abril do ano passado. Não somos novos nesse processo. Nós temos feito a nossa lição de casa para combater a inflação e temos tido sucesso nisso".