Economia

Ao lado de Bolsonaro, Guedes volta a falar em 'licença para gastar 30 bi'

Após rumores de sua saída do governo, Guedes disse que não pediu demissão e que permanece no cargo

Jair Bolsonaro e Paulo Guedes. (Adriano Machado/Reuters)

Jair Bolsonaro e Paulo Guedes. (Adriano Machado/Reuters)

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Alessandra Azevedo

Publicado em 22 de outubro de 2021 às 16h09.

Última atualização em 22 de outubro de 2021 às 16h44.

Em meio aos rumores sobre uma possível demissão do ministro da Economia, Paulo Guedes, o presidente Jair Bolsonaro disse, nesta sexta-feira, 22, que tem “confiança absoluta” no ministro e que ele “entende as aflições que o governo passa”. Para o presidente, o chefe da equipe econômica fez um “brilhante trabalho” desde que assumiu o cargo, em 2019.

Ao lado do presidente, o ministro da Economia disse que não houve pedido de demissão. “Eu não pedi demissão. Em nenhum momento eu pedi demissão. Em nenhum momento o presidente insinuou qualquer coisa semelhante”, afirmou. E ainda completou: "Devo pedir demissão porque vamos gastar 30 bilhões de reais a mais? Estou servindo a fins eleitorais? Estou fazendo o que de errado?"

Bolsonaro afirmou que visitou Guedes no ministério “como é de praxe”, dando a entender que não houve uma crise para que ele fosse até lá. “De vez em quando, eu visito o ministro aqui no ministério”, disse. “Nos entendemos muito bem”, acrescentou o presidente.

Guedes afirmou que estava tudo certo para o aumento do Bolsa Família para um Auxílio Brasil de 300 reais, mas veio o “meteoro” dos precatórios, em valor bem acima do esperado para 2022 - 89,1 bilhões de reais. Além disso, a reforma do Imposto de Renda (IR), que financiaria o auxílio com a taxação dos dividendos, não avançou no Senado.

O ministro defendeu uma “linha do meio” entre a austeridade fiscal e o lado social. Segundo ele, não tem problema tirar “nota oito em fiscal”, em vez de dez, para atender os mais necessitados. “O presidente traçou a linha: vamos até 400 reais. Não são 600 que a ala política pode quer, mas também precisamos arrumar dinheiro extra”, disse.

Guedes voltou a dizer que será necessária uma “licença para gastar um pouco mais” para garantir esses 100 reais a mais no auxílio. Para ele, a economia brasileira é “forte e vigorosa o suficiente para segurar” o benefício. “Eu seguro isso. Não tenho problema com isso. Posso tirar 8 em fiscal, 7 em fiscal”, voltou a dizer.

"Não é nenhuma mudança no arcabouço fiscal. Poderia ter sido feito dentro das regras atuais, apenas dizendo o seguinte: preciso de uma licença para gastar mais 30 bilhões de reais, porque, em vez de 300 reais, que é o que cabia no teto, vão ser 400 reais. Basta isso”, disse o ministro.

Guedes explicou que o auxílio provavelmente seria de 300 reais, se a reforma do IR fosse aprovada. Mas, sem a fonte de custeio garantida pelo projeto, a opção passou a ser de um auxílio temporário e maior, financiado pelo aumento de arrecadação tributária.

“Quando não consegue aprovar o IR, o Auxílio Brasil fica sem fonte permanente. Não pode mais ser permanente. Então, você dá um aumento temporário. Sendo temporário, pode pegar aumento de arrecadação”, afirmou o ministro. Segundo ele, “a arrecadação está surpreendendo todo mês”.

“Está vindo acima de 200 bilhões. Gastar 20 bilhões ou 30 bilhões para dar para a população mais frágil é completamente possível”, defendeu Guedes. “A única coisa que vai acontecer é que, em vez de o déficit cair tão rápido, cai um pouco mais devagar, o que é compreensível em momento de dificuldade. A pandemia foi devastadora”, disse.

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