Economia

Ao FMI, Guedes diz que crescimento do Brasil depende de vacinação

Para o ministro, mesmo com o aumento dos juros pelo BC, o setor financeiro, que estava muito bem posicionado quando a crise estourou, tem mostrado "notável resiliência"

 (Adriano Machado/Reuters)

(Adriano Machado/Reuters)

Mariana Martucci

Mariana Martucci

Publicado em 6 de abril de 2021 às 16h16.

Mesmo com o aumento dos juros definido pelo Banco Central no mês passado, a política monetária brasileira permanece "muito acomodatícia" e o setor financeiro, que estava muito bem posicionado quando a crise estourou, tem mostrado "notável resiliência". Estas são algumas das observações feitas pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, num documento enviado ao Fundo Monetário Internacional (FMI), que foi publicado nesta terça-feira, 6. O texto é uma formalidade que antecede o Comitê Monetário e Financeiro Internacional (IMFC, na sigla em inglês) da Reunião de Primavera do Fundo, marcado para a quinta-feira, 8 e traz a visão pública do ministro sobre vários temas.

Sobre o Brasil, ele descreve que o País está reformulando suas ferramentas para sustentar um forte período de recuperação.

Na avaliação de Guedes, a economia doméstica se recuperou acentuadamente no segundo semestre do ano passado, depois que políticas de apoio das áreas fiscal e monetária à política financeira amorteceram o choque inicial da pandemia de coronavírus e lançaram as bases para uma forte recuperação.

O documento enfatiza a expansão da poupança e do crédito e cita que este é um bom presságio para o aumento da atividade econômica à medida que as restrições impostas pela pandemia se dissipam. O texto menciona, porém, que uma nova onda de covid-19 lança maior incerteza e estresse do que o normal para o cenário atual.

No documento, Guedes informa os demais participantes do comitê que a criação de empregos formais registrou um recorde de 260 mil para o mês de janeiro e que a previsão do governo é a de que a economia cresça 3,2% este ano. Ele também explica que a nova rodada de apoio à renda para os mais vulneráveis estava vinculada a medidas estruturais de disciplina fiscal. "A assistência de emergência foi reinstaurada junto com uma emenda constitucional para reancorar as contas fiscais e garantir uma redução da trajetória da dívida pública no médio prazo", traz o texto que fala do "amplo apoio parlamentar" à medida.

Sobre a atuação do Banco Central, o documento diz que a instituição iniciou um processo de normalização parcial da política monetária. "O aumento sustentado nos preços das commodities e depreciação cambial, acompanhada da retomada da economia atividade e mercado de trabalho formal têm levado a ajuste para cima da inflação e das expectativas. Cumprindo seu mandato, o Banco Central elevou a taxa básica de juros para garantir que a inflação e as expectativas de inflação sigam dentro da meta para o horizonte relevante para a política monetária."

No texto, é dito que as reformas estão em andamento no País - citando a da Previdência, a PEC emergencial e a autonomia do próprio BC. Sobre a agenda futura, o governo cita que há "diversas iniciativas", como a reforma tributária, flexibilização do mercado de trabalho e novos marcos regulatórios para gás natural, cabotagem, saneamento e mercado de câmbio. "Em suma, a abordagem para impulsionar o crescimento sustentável e inclusivo no Brasil é tripla: intensificar a vacinação em massa, fornecer apoio fiscal de curto prazo juntamente com a consolidação orçamental a médio prazo e a prossecução das reformas pró-mercado."

O ministro da Economia também pediu que haja cooperação internacional no processo de distribuição de imunizantes aos países em âmbito global, mencionando que o investimento de maior retorno global é garantir o acesso equitativo às vacinas e promover uma vacinação rápida. Guedes fez um apelo aos setores público e privado, bem como às organizações multilaterais e à cooperação bilateral, para que auxiliem no processo de financiamento e distribuição de imunizantes.

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