15 bilhões do total do empréstimo já foram transferidos para a Argentina (David Fernandez/Reuters)
AFP
Publicado em 20 de julho de 2018 às 12h29.
A diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, chegou a Buenos Aires para se encontrar, nesta sexta-feira (20), com o presidente Mauricio Macri e seu ministro de Economia, 24 horas antes da cúpula de ministros de Finanças do G20.
Essa é a primeira visita de Lagarde desde que o organismo concedeu um empréstimo de 50 bilhões de dólares à Argentina - dos quais 15 bilhões já foram transferidos.
Em meio a uma intensa corrida cambial iniciada em abril, que desvalorizou o peso em 35%, Macri recorreu ao Fundo em busca de assistência financeira e se comprometeu a um drástico ajuste fiscal para reduzir o déficit a 1,3% em 2019.
A agenda de Lagarde prevê um encontro com o ministro da Fazenda, Nicolás Dujovne, responsável pela implementação do acordo, antes de um jantar oferecido por Macri na residência presidencial de Olivos, na periferia norte de Buenos Aires, para o qual também estão convidados o chefe Gabinete, Marcos Peña, e o presidente do Banco Central, Luis Caputo.
Antes do encontro, Macri recebeu o respaldo do ministro de Finanças da Alemanha, Olaf Scholz, que considerou "apropriado recorrer ao FMI em uma etapa inicial, a fim de abordar oportunamente os desafios econômicos".
"Parabenizo o compromisso do governo de enfrentar os desequilíbrios macroeconômicos e apoiar o crescimento sustentável no contexto de um ambicioso programa respaldado pelo FMI", declarou Scholz em uma entrevista ao jornal El Cronista.
Lagarde chega acompanhada por David Lipton, primeiro subdiretor do Fundo, Alejandro Werner, diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental, e Roberto Caldarelli, chefe da missão para a Argentina.
Mas o acordo com o Fundo, que obriga o país a cumprir um forte ajuste fiscal e uma redução de gastos, é rechaçado por movimentos sociais e sindicatos, que convocaram uma marcha nesta sexta-feira até o Banco Central.
Parte da oposição também se expressou contrariamente em uma carta dirigida a Lagarde afirmando que "o programa econômico imposto produzirá uma catástrofe social", enquanto o governo negocia com as províncias a divisão do ajuste, a um ano e meio das eleições presidenciais nas quais Macri poderia almejar a reeleição.
Nesta quinta-feira, a Confederação Geral do Trabalho (CGT) alertou em coletiva de imprensa que o acordo com o organismo "abrirá um conflito infinito".
"Este ajuste é inviável em um país que já está paralisado", afirmou Juan Carlos Schmid, um dos líderes.
Em mensagem a Lagarde, ele alertou que "se vier buscar o consenso social que pediu, tem que saber que não vai contar com o aval desta CGT".