Colheita de soja na Argentina: produtores têm mais chances de plantar uma segunda safra com milho, após a colheita da soja, dentro do período ideal de clima (Diego Giudice/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 29 de janeiro de 2014 às 13h26.
Rio Verde - A antecipação da colheita de soja no sudoeste de Goiás está criando oportunidade para o plantio de uma "safrinha" de milho na janela ideal de clima, com uso de alta tecnologia e indicativo de produção acima do ano passado, disseram produtores e especialistas.
"A soja adiantou muito", disse o produtor Lúcio Carvalho, que já começou a colher seus 2.500 hectares plantados com soja na região de Rio Verde, polo agrícola goiano.
As lavouras precoces de Goiás --quarto principal Estado produtor de soja do país-- sofreram com quase um mês sem chuvas entre dezembro e janeiro, o que antecipou a maturação em até 7 ou 10 dias, dependendo do caso.
Com isso, os produtores têm mais chances de plantar uma segunda safra com milho, após a colheita da soja, dentro do período ideal de clima, que é até meados de fevereiro.
A procura por sementes de milho disparou na região nos últimos dias.
"Quem está correndo atrás agora é o produtor que não sabia se ia colher a soja numa janela viável", disse Adenilton dos Santos, gerente de negócios do Grupo Tec Agro, que distribui sementes na região de Rio Verde.
Entre os quatro principais Estados que plantam o chamado milho "safrinha", Goiás possivelmente será o único que elevará a produção em 2014 ante 2013, em meio a preços da commodity pouco interessantes. A consultoria Agroconsult estima aumento de 11 por cento, para 4,4 milhões de toneladas.
Enquanto isso, no total do país, a produção da segunda safra de milho deverá cair 7 por cento, para 44,1 milhões de toneladas, pressionada principalmente por uma redução de tecnologia e produtividade em Mato Grosso, segundo a Agroconsult.
"A seca encurtou o ciclo da soja, e o plantio do milho até 15 de fevereiro, na melhor janela, permite um potencial de até 150 sacas (de milho) por hectare", disse o analista André Pessôa, da Agroconsult, que percorre nesta semana as lavouras de Goiás e Mato Grosso na expedição técnica Rally da Safra, acompanhada pela Reuters.
As lavouras que conseguirem atingir as 150 sacas por hectare vão se aproximar da média dos agricultores norte-americanos, os que mais produzem milho no mundo.
De qualquer forma, os produtores do sudoeste de Goiás dizem que só entram na safrinha de milho se for para colher muito, aproveitando a janela ideal, com sementes de alta produtividade e adubação adequada.
Com os preços do cereal pressionados, um plantio de milho com baixa produtividade não pagaria os investimentos.
"Eu cortei a baixa e a média tecnologia", disse o produtor Lúcio Carvalho.
Na fazenda dele, é preciso atingir uma produtividade de 125 sacas de milho por hectare e vender no mínimo a 18,50 reais por saca para garantir rentabilidade. "É arriscado", ponderou o agricultor.
Agentes de mercado ouvidos pela Reuters na região disseram que uma saca de milho está sendo negociada na região, atualmente, entre 18 e 19 reais.