Economia

Ano deve terminar com pior oferta de crédito em 4 anos

A taxa de crescimento do crédito ao consumo e para empresas foi de 2,2% até outubro, uma das mais baixas dos últimos oito anos


	Dinheiro: além da restrição da oferta, que tem afetado mais as empresas, a demanda também começa a arrefecer, principalmente pelo lado das famílias
 (Marcos Santos/USP Imagens)

Dinheiro: além da restrição da oferta, que tem afetado mais as empresas, a demanda também começa a arrefecer, principalmente pelo lado das famílias (Marcos Santos/USP Imagens)

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Da Redação

Publicado em 11 de dezembro de 2013 às 09h32.

São Paulo - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse recentemente que a restrição da oferta de crédito pode estar sendo um fator importante para um PIB mais fraco que o esperado neste ano. Os números e as pesquisas do Banco Central de fato mostram que 2013 caminha para fechar com o pior desempenho do crescimento do crédito dos últimos quatro anos.

Mas mostram que, além da restrição da oferta, que tem afetado mais as empresas, a demanda também começa a arrefecer, principalmente pelo lado das famílias.

Em termos reais, a taxa de crescimento do crédito ao consumo e para empresas foi de 2,2% até o mês de outubro, uma das mais baixas dos últimos oito anos, segundo dados da Federação do Comércio (Fecomércio-SP). O número leva em conta o crédito com recursos livres, ou seja, sem linhas com captação direcionada como as de crédito imobiliário.

Essa base mostra que as famílias contrataram 10% mais crédito, em ritmo inferior a anos anteriores, e o desembolso para financiamento a empresas não só não cresceu como caiu. Sem descontar a inflação, o crédito a pessoas jurídicas cresceu apenas 3,7%, em 12 meses, até outubro.

A economista Zeina Latif, da Gibraltar Consulting, diz que os bancos, principalmente os privados, vêm restringindo o crédito desde 2011, com o objetivo de controlar a inadimplência. E isso de fato aconteceu, tanto que em 2013 o índice do crédito ao consumo caiu para 3,6%, um dos mais baixos dos últimos anos.

A questão agora, segundo ela, é que as famílias não conseguiram reduzir a inadimplência em outras contas e por isso estão buscando menos crédito. "O endividamento está muito elevado, tem uma inflação incomodando e os ganhos salariais também ficaram mais modestos, então o consumidor se retrai", diz Zeina.


Movimentos

A pesquisa trimestral de crédito do Banco Central, feita com instituições financeiras, mostra que podem ser identificados dois movimentos entre um público e outro. Enquanto para as empresas a demanda foi maior do que a oferta, confirmando em parte a percepção do ministro Mantega, por outro a demanda por crédito ao consumo começou a cair e a oferta se manteve.

A expectativa é de que, para 2014, pelo fato de a inadimplência ter sido controlada neste ano, os bancos comecem a ampliar a oferta de uma importante linha de crédito: a de financiamento de automóveis. Esse tipo de crédito teve queda de 5% neste ano, reflexo da alta inadimplência em anos anteriores.

O economista da LCA, Wermeson França, diz que, com o ajuste dos bancos nessas carteiras, o financiamento para automóveis tende a crescer até 7% no próximo ano. Mesmo assim, a LCA prevê que, em geral, em 2014, haverá novo aperto.

Pelas estimativas da consultoria, feita com base nos dados do Banco Central, a expectativa é de que termine com crescimento de 15,5%, o pior desempenho desde 2009. Esse número leva em conta o financiamento imobiliário, crédito rural e BNDES.

O resultado só não será pior do que o daquele ano porque os bancos públicos continuaram financiando a expansão com altas taxas de crescimento. A Caixa Econômica Federal, por exemplo, vinha num ritmo de 40% até setembro. O Banco do Brasil ultrapassava os 20%. Mas grande parte dessa evolução se explica pelo crescimento do chamado crédito direcionado.

O assessor econômico da Fecomércio, Altamiro Carvalho, diz que o crédito imobiliário cresceu mais de 30% neste ano e pode explicar em parte por que as famílias estão buscando menos crédito para consumo.

Ele diz que os números do BC mostram que os novos empréstimos têm crescido em ritmo mais forte do que o saldo da carteira, ou seja, as famílias estão pagando contas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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