Economia

Angela Merkel ameniza discurso de austeridade em Portugal

Ontem (11), em entrevista à TV estatal portuguesa (RTP), Angela disse que o governo português “cumpriu muito bem” as exigências de ajustamento fiscal feitas pela troika

A chanceler alemã, Angela Merkel e o presidente Silva, de Portugal: a Alemanha é o quinto maior investidor estrangeiro em Portugal e o quarto país emissor de turistas (REUTERS)

A chanceler alemã, Angela Merkel e o presidente Silva, de Portugal: a Alemanha é o quinto maior investidor estrangeiro em Portugal e o quarto país emissor de turistas (REUTERS)

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Da Redação

Publicado em 12 de novembro de 2012 às 10h14.

Lisboa – Na véspera de um encontro com autoridades e empresários portugueses, a chanceler alemã, Angela Merkel, adotou um tom mais brando sobre a condução da economia lusitana.

Ontem (11), em entrevista à TV estatal portuguesa (RTP), Angela disse que o governo português “cumpriu muito bem” as exigências de ajustamento fiscal feitas pelo Fundo Monetário Internacional, o Banco Central Europeu e a União Europeia (a chamada Troika) e que a população de Portugal tem sido “muito corajosa”.

Em outros momentos da crise econômica na zona do euro, Angela Merkel foi bastante crítica em relação à condução da economia e já sugeriu que países como a Grécia e Portugal transferissem para a União Europeia o controle do orçamento a fim de evitar desajustes fiscais.

Angela Merkel visita hoje (12) o presidente português, Cavaco Silva, almoça com o primeiro ministro Pedro Passos Coelho e encerra, na parte da tarde, o Encontro Empresarial Luso-Alemão, em Lisboa.

O tom mais suave da chanceler demonstra sensibilidade com o país que está com taxa de desemprego em torno de 15% (mais de três pontos percentuais acima das demais nações da zona do euro); onde os impostos sobre pessoa física foram recentemente aumentados; e o governo quer enxugar 4 bilhões de euros em gastos do Estado em 2013 e 2014 (inclusive para saúde, educação e proteção social). Toda semana, os portugueses fazem protesto em frente à Assembleia da República (o Congresso Nacional) e na quarta-feira (14) participarão da greve geral que deverá ocorrer também na Grécia e na Espanha.

O discurso mais brando também interessa aos empresários da Alemanha e de Portugal que tentam em meio à crise aumentar o comércio e os investimentos. “Tenham um pouco de paciência. Nós também queremos crescimento, não só austeridade”, disse o presidente da Confederação da Indústria Alemã (BDI), Hans-Peter Keitel, na abertura do Encontro Empresarial Luso-Alemão na manhã de hoje.


“As empresas alemãs têm tido um papel fundamental nos investimentos e na modernização da nossa infraestrutura”, reconheceu o vice-presidente da Confederação Empresarial de Portugal, João Gomes Esteves, que avalia, no entanto, que o relacionamento entre as duas economias “vem perdendo alguma vitalidade” e sofre “redução de participação”.

Segundo dados do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal, a Alemanha é o segundo parceiro comercial dos portugueses no comércio exterior (13,5% das exportações e 12,3% das importações). As dez maiores empresas alemãs instaladas em Portugal faturaram, no último ano, 4,6 bilhões de euros (4 bilhões de euros em exportações – o país é plataforma para fabricação e venda de produtos alemães para a África e para a América Latina).

A Alemanha é o quinto maior investidor estrangeiro em Portugal e o quarto país emissor de turistas. Além disso, há mais de 120 mil portugueses morando na Alemanha que enviam recursos constantemente a Portugal. Do total de recursos que Portugal recebe de seus imigrantes mundo afora, 6% vêm da Alemanha (aumento de 60% em um ano).

A Alemanha representa quase um terço no orçamento da comunidade europeia e tem participação de 27% no Fundo de Estabilização Econômico-Financeira da Europa, sendo o principal avalista dos 78 bilhões de euros emprestados a Portugal durante a crise.

Para o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Paulo Portas, as trocas comerciais e de investimentos entre as economias dos dois países ainda podem crescer. “As relações estão longe de estarem esgotadas”, disse no encontro empresarial ao cobrar também “maior acessos das nossas empresas ao financiamento” e censurar qualquer forma de discriminação econômica na zona do euro.

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