Economia

Anfavea: luz de emergência está acesa nas montadoras

Presidente da entidade diz que setor deve ficar em alerta com o aumento da participação de veículos importados no mercado nacional

Aumento da participação de importados fará venda de carros ser maior que a produção nacional, fato que não ocorre desde 1995 (Getty Images)

Aumento da participação de importados fará venda de carros ser maior que a produção nacional, fato que não ocorre desde 1995 (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 20 de setembro de 2011 às 07h36.

São Paulo - Em dezembro de 2010 a participação dos veículos importados no total das vendas no mercado nacional foi de 21,7%. Segundo estimativas da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), em 2011, esta fatia dos estrangeiros deve ser ainda maior. Segundo o presidente da entidade, Cledorvino Belini, isto "faz acender a luz de alerta na indústria automobilística nacional".

A Anfavea prevê que as vendas de importados em 2011 vão responder por mais de 22% dos 3,69 milhões de unidades que devem ser comercializadas no ano (a previsão anunciada em dezembro era de 3,63 milhões de unidades vendidas). Além disso, as estimativas da entidade para as exportações agravam o problema da balança comercial: é esperado que as montadoras brasileiras exportem 4,7% menos neste ano.

Ainda segundo projeção da Anfavea, as montadoras nacionais produzirão 3,68 milhões de unidades de veículos. Feitas as contas, o resultado mostra que em 2011 deve se repetir um fenômeno que não é visto no mercado brasileiro desde 1995: a produção brasileira de veículos ficará abaixo do total de vendas interas. Naquele ano, o mercado brasileiro vendeu 1,72 milhão de unidades, mas produziu 1,62 milhão.

Para Belini, o cenário negativo não é reflexo apenas de problemas cambiais. O presidente da Anfavea reconheceu que a valorização do real tem atrapalhado os planos de exportação das montadoras, mas a principal questão ainda é a da competitividade. Neste sentido, Belini promete entregar até abril um documento com sugestões ao novo governo, para melhorar o desempenho da indústria automobilística brasileira.

Ele elogiou ainda as medidas anunciadas pelo Banco Central nesta quinta-feira (6/01) para conter a valorização cambial. "Foram medidas positivas para toda a indústria e esperamos que o dólar dê uma segurada." Apesar disso, o presidente da Anfavea afirmou que a política cambial do governo ainda é insuficiente para garantir a competitividade que a indústria precisa.

"Rapel"

Em dezembro, a indústria automobilística comemorou um mês com recorde de vendas. Segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), foram 381,5 mil carros licenciados. Entretanto, de acordo com o presidente da entidade, Sérgio Reze, aproximadamente 45 mil carros emplacados ainda estão nas lojas, o que distorceu os dados do último mês do ano.

Trata-se de uma prática comum às montadoras, conhecida como "rapel". Consiste em licenciar carros em nome de terceiros, como revendas ou donos de frotas, para engordar os números e garantir uma maior participação de mercado. Posteriormente os veículos são vendidos como usados. Sem esta prática, o resultado de dezembro teria sido de 353,7 mil unidades licenciadas, bem abaixo do recorde anunciado.

Belini, presidente da Anfavea, se recusou a comentar o fato. "Nós trabalhamos com os dados do Renavam (Registro Nacional de Veículos Automotores), e não sabemos de nenhuma prática do mercado", afirmou durante coletiva. Vale lembrar que Belini também é presidente da Fiat na América Latina. A montadora ficou em segundo lugar nas vendas de dezembro (64,2 mil veículos vendidos) atrás da Volkswagen (64,5 mil), e em primeiro lugar no ano (611,3 mil carros vendidos).

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