Economia

Analistas dizem ao BC que inflação verdadeira supera 6%

Em reuinião com o BC, especialistas demonstraram preocupação com o elevado nível de consumo e com a inadimplência


	As reuniões são realizadas a cada três meses e são usadas pelo Banco Central (BC) para colher a percepção do mercado financeiro em relação à atividade, inflação e cenário externo
 (Ueslei Marcelino/Reuters)

As reuniões são realizadas a cada três meses e são usadas pelo Banco Central (BC) para colher a percepção do mercado financeiro em relação à atividade, inflação e cenário externo (Ueslei Marcelino/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 21 de maio de 2013 às 08h09.

São Paulo - Os indicadores de inflação até poderão desacelerar nas variações mensais no resto deste ano, mas o resultado final será um Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em torno de 6%.

É o que disseram nesta segunda-feira ao diretor de Política Econômica do Banco Central (BC), Carlos Hamilton Araújo, analistas que participaram da segunda das três reuniões trimestrais que o diretor faz com representantes de instituições em São Paulo.

Segundo um economista que participou da reunião, Hamilton ouviu ainda dos analistas que os 6% previstos para este ano não são a inflação verdadeira do País, já que, se não fossem as desonerações na economia, o IPCA poderia fechar acima do teto da meta da inflação, de 6,5%.

"A cabeça das pessoas, pelo menos as que participaram da mesma reunião em que eu estava, é de que a dinâmica da inflação continua muito ruim", disse a fonte.

Outro profissional que também participou do segundo encontro com o diretor do BC relatou ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, que o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano deverá crescer de 2,5% a 3%.

Para a fonte, a combinação de baixo crescimento com inflação elevada tem alimentado de incertezas a avaliação dos agentes econômicos internacionais em relação aos rumos da economia nacional. "No cenário externo, está todo mundo desconfiado com a dinâmica de inflação no Brasil", disse o analista.

Hamilton manteve ainda nesta segunda-feira com analistas o terceiro e último encontro do dia. Essa reunião deixou transparecer um sentimento de conformismo dos profissionais com os rumos da economia, em especial com a inflação. É o que disse ao Broadcast um dos participantes do encontro.


"Apesar de as previsões apontarem para um IPCA encerrando o ano em torno de 5,8%, 5,9%, o tom das conversas desta vez foi mais tranquilo, diferente do que se viu nas reuniões anteriores, em que o tom era de quase cobrança do BC", disse o economista. "Eu acho que a palavra mais correta para classificar o comportamento dos analistas é conformismo."

Os analistas teriam concordado com a previsão de que a inflação dos alimentos e dos serviços deverá ceder no resto do ano. "Pelo que meus colegas diziam, os próximos trimestres terão taxas menores de inflação."

Porém, eles demonstraram preocupação com o elevado nível de consumo e com a inadimplência. Sobre a evolução do PIB, o economista relatou que a maioria compartilha da opinião de que o crescimento previsto de cerca de 1% no primeiro trimestre será o pico do ano. Para os próximos trimestres, as previsões são de que o Produto Interno Bruto (PIB) crescerá de 0,7% a 0,8%.

Essas reuniões são realizadas a cada três meses e são usadas pelo Banco Central (BC) para colher a percepção do mercado financeiro em relação à atividade, inflação e cenário externo.

As informações ajudam a autoridade monetária na confecção do Relatório Trimestral de Inflação. O próximo documento, referente ao trimestre encerrado em junho, será divulgado no dia 29. Nesta terça-feira, 21, Hamilton se reúne com analistas do mercado financeiro do Rio.

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralEstatísticasIndicadores econômicosInflaçãoIPCAMercado financeiro

Mais de Economia

Governo corta verbas para cultura via Lei Aldir Blanc e reduz bloqueio de despesas no Orçamento 2024

Governo reduz novamente previsão de economia de pente-fino no INSS em 2024

Lula encomenda ao BNDES plano para reestruturação de estatais com foco em deficitárias

Pacheco afirma que corte de gastos será discutido logo após Reforma Tributária