Economia

Americanos trocam tabaco pelo cânhamo, o "primo da maconha"

Fazendeiros americanos estão preferindo cada vez mais produzir o cânhamo e dobraram o plantio dessa variedade de cannabis em 2016

Fibras do caule doe cânhamo: variedade de cannabis vem se tornando a preferida dos americanos (Wikimedia Commons)

Fibras do caule doe cânhamo: variedade de cannabis vem se tornando a preferida dos americanos (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 23 de dezembro de 2016 às 11h22.

Última atualização em 23 de dezembro de 2016 às 11h29.

Parece maconha. Tem cheiro de maconha. Mas é cânhamo, o primo legalizado da maconha, e está dominando o estado americano do Kentucky.

Pelas colinas onduladas desse estado, que há apenas duas décadas era o mais dependente do tabaco nos EUA, fazendeiros estão plantando menos tabaco porque o aumento das preocupações com a saúde reduziu a demanda.

Em seu lugar, eles estão preferindo cada vez mais o cânhamo e dobraram o plantio dessa variedade de cannabis em 2016, tornando-se o segundo maior produtor dos EUA, atrás do estado do Colorado.

Ao contrário da maconha, o cânhamo é uma variedade de cannabis que não dá barato, porque contém menos de 0,3 por cento de tetrahidrocanabinol (THC), o componente psicoativo da maconha.

O cânhamo pode ser transformado em mais de 25.000 produtos e é usado principalmente na fabricação de cordas, roupa branca, alimentos e produtos de cuidados pessoais.

“Os lucros são promissores”, disse Giles Shell, 32, que, junto com o pai e o irmão, cultiva 80,94 hectares que ficam 45 minutos ao sul de Lexington, no Kentucky. No ano que vem, a família pretende dedicar 32,37 hectares ao cânhamo, terras onde plantaram tabaco durante quatro gerações. “Nós, uma fazenda familiar, decidimos viver essa aventura.”

Restrições à produção

Durante várias décadas vigoraram controles estritos sobre o cânhamo em meio ao clima antidrogas, o que tornava o cultivo ilegal sem uma autorização do governo, porque a planta era considerada indistinta da maconha.

Em 2014, a lei agrícola dos EUA autorizou que os departamentos estatais de agricultura criassem programas-piloto de pesquisa sobre o cânhamo industrial, reabrindo oportunidades de produção.

Apenas 13,35 hectares foram plantados em Kentucky naquele ano. O cultivo aumentou para 373,12 hectares em 2015 e pulou para 951,01 hectares em 2016, de acordo com o Departamento de Agricultura do estado.

Essa quantidade continua sendo relativamente pequena. A modo de comparação, em 2015 os fazendeiros do Kentucky plantaram 29.501,57 hectares de tabaco, segundo um relatório anual do Departamento de Agricultura dos EUA.

Feno, o maior cultivo do estado, foi semeado em 959.104,5 hectares. Mesmo assim, o estado responde por quase 25 por cento dos 3.905,21 hectares plantados com cânhamo no país inteiro neste ano, mostram dados da Associação de Indústrias do Cânhamo.

O potencial do cânhamo é enorme, disse Steve Bevan, CEO da GenCanna, uma produtora de cânhamo industrial com sede no Kentucky que está extraindo óleo da planta para usar em produtos do atacado e do varejo.

A companhia pretende aumentar a produção de 40,47 hectares neste ano para 202,34 hectares em 2017, disse ele.

“Vamos precisar de mais plantas e vamos precisar de mais hectares”, disse Bevan.

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