Economia

América Latina vive desaceleração com saúde macroeconômica

Segundo Banco Mundial, países se ressentem da desaceleração generalizada, mas têm um bom "sistema imunológico" macroeconômico

Jim Yong Kim, presidente do Banco Mundial, fala sobre pobreza durante seminário em 9 de outubro de 2013 (Saul Loeb/AFP)

Jim Yong Kim, presidente do Banco Mundial, fala sobre pobreza durante seminário em 9 de outubro de 2013 (Saul Loeb/AFP)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2013 às 22h25.

Washington - Os países da América Latina se ressentem da desaceleração generalizada na economia mundial, mas têm um bom "sistema imunológico" macroeconômico, informou o Banco Mundial em seu relatório semestral, divulgado nesta quarta-feira.

Entre os países latino-americanos "tem havido progressos fundamentais no sistema imunológico macro-financeiro", destacou o Banco, que esta semana realiza sua Assembleia Geral conjunta com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Esta situação "deve permitir, em uma verdadeira ruptura com a história, que vários dos maiores países da região (...) se apoiem em uma depreciação monetária para absorver impactos externos e estimular a atividade econômica local".

A América Latina, que cresceu durante a primeira década do século puxada pelos altos preços das matérias primas, atravessa agora uma desaceleração, com previsão de crescimento regional de 2,7% pelo FMI, 0,3 ponto abaixo da estimativa de julho.

A região enfrenta ainda um abandono antecipado da política de estímulos monetários dos Estados Unidos, o que provocará a redução do fluxo de capitais em sua direção.

A desaceleração global e a situação financeira americana criam condições externas "significativamente complicadas" para a região, segundo o Banco Mundial, mas diferentemente de outras épocas, hoje há uma barreira para conter as ameaças.


Entre os países que poderão tirar melhor proveito deste "sistema imunológico" macro-financeiro, o estudo destaca "particularmente os que adotam políticas monetárias baseadas em metas de inflação e flexibilidade do câmbio", a exemplo de Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru, que respondem por mais de 70% da população e do PIB da região.

Na visão do Banco Mundial, este grupo de países "está agora pronto, possivelmente pela primeira vez na sua história monetária, para desfrutar os benefícios".

Desvalorização como solução

Augusto de la Torre, economista-chefe do Banco Mundial para a América Latina e o Caribe, estima que a a região atravessa uma "transição" para o uso menos arriscado da desvalorização cambial.

"A América Latina está construindo um sistema imunológico macro-econômico financeiro muito mais robusto do que tínhamos nos anos noventa. Eliminaram ou reduziram as razões pelas quais temíamos a desvalorização cambial", disse De la Torre.

"A desvalorização das moedas agora é parte da solução".

Segundo o especialista, a América Latina deixou seu passado de grande devedora e se tornou "credora do mundo", reduzindo a dolarização de suas moedas e a correlação entre desvalorização e inflação.

"Estamos cautelosamente otimistas", concluiu De la Torre.

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