Economia

América Latina vai enfrentar turbulência econômica, diz FMI

No Chile, Christine Lagarde, diretora-geral do FMI, elogiou o avanço social da América Latina, mas lembrou que há enormes desafios à frente

Christine Lagarde, diretora geral do FMI, em conferência no Chile (Stephen Jaffe / FMI / Reuters)

Christine Lagarde, diretora geral do FMI, em conferência no Chile (Stephen Jaffe / FMI / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 5 de dezembro de 2014 às 22h04.

Santiago, Chile — Apesar de conquistas econômicas e sociais impressionantes na América Latina nas últimas duas décadas, a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, alerta que a região enfrentará um caminho que parece cada vez mais instável com as mudanças nas condições econômicas globais. 

“Os Estados Unidos parecem estar firmes na trajetória da recuperação, mas as perspectivas para a zona do euro são incertas e o cenário para China esfriou”, disse Lagarde, em Santiago, no Chile, durante a conferência que trata dos desafios do crescimento na América Latina, promovida pelo FMI. 

“Os preços das commodities, que alavancaram a região por mais de uma década, estão agora caindo e a era do financiamento barato em dólar irá acabar em breve.”

De acordo com Lagarde, isso reforça a necessidade de reformas estruturais em áreas como educação, redes de proteção social, inclusão financeira e infraestrutura. “Essas reformas aumentariam a produtividade e permitiriam a diversificação econômica da região, para além dos setores primários que têm menor valor agregado.”

A diretora geral do FMI afirmou que a maioria dos países da América Latina avançou com o tripé inflação baixa, disciplina fiscal e estabilidade financeira, o que foi fundamental para que a região resistisse à crise financeira global em 2008. 

“Isso também promoveu um imenso progresso na redução da pobreza e desigualdade: a renda média real aumentou mais de 25% desde 2000 e a pobreza extrema caiu pela metade.”

Classe Média

O avanço da classe média na América Latina e as expectativas crescentes dessa faixa da população também foram mencionados por Lagarde. 

Ela lembrou que, depois de décadas de estagnação, a classe média latino-americana vem crescendo em tamanho e confiança – uma expansão de 50% desde 2003 – em função da redução da desigualdade de renda. 

“Apesar desse progresso, infelizmente, os indicadores sociais permanecem mais fracos e a desigualdade é muito maior aqui do que em outras regiões de renda média”, disse a diretora-geral do FMI. 

Para ela, as expectativas crescentes da classe média na América Latina esbarram na baixa oferta de serviços públicos de qualidade: “No ano passado, vimos grandes manifestações no Brasil desencadeadas pelo aumento do custo de transporte público. Na Colômbia, houve protestos de fazendeiros e outros grupos.”

“As preocupações específicas podem variar de país para país, mas as pesquisas mostram que muitas pessoas compartilham um descontentamento geral com a corrupção e a falta de prestação de contas dos governos”, disse Lagarde.

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