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América Latina será a região com menor crescimento em 2025, diz Banco Mundial

Até o fim do ano, o Brasil deverá crescer 1,8%, segundo projeções da instituição financeira

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Agência de notícias

Publicado em 23 de abril de 2025 às 15h38.

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A América Latina será a região com o menor crescimento a nível global este ano, com 2,1%, alertou o Banco Mundial nesta quarta-feira, 23, ao destacar o baixo investimento, a alta dívida e a volatilidade global como obstáculos ao seu desenvolvimento.

Em uma prévia de seu relatório sobre a América Latina e o Caribe, a organização financeira internacional expressa preocupação com as tensões comerciais causadas pelas tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Nesse contexto, o Banco Mundial prevê um crescimento econômico regional de 2,1% neste ano e 2,4% em 2026. Porém, ao contrário do Fundo Monetário Internacional (FMI), não prevê uma contração econômica no México, mas sim uma estagnação.

Até 2025, o Brasil deverá crescer 1,8%; a Argentina, 5,5%; Colômbia, 2,4%; Chile, 2,1%; Peru, 2,9%; Equador, 1,9%; Bolívia, 1,2%; República Dominicana, 4%; El Salvador, 2,2%; Costa Rica, 3,5%; Panamá, 3,5%; Paraguai, 3,5%; Nicarágua, 3,4% e Uruguai, 2,3%.

No Haiti, espera-se uma contração econômica de 2,2%.

"Tarifas mais altas e os maiores níveis de incerteza comercial em uma década impedem uma maior integração da região nas cadeias de suprimentos dos Estados Unidos e colocam em risco os empregos em indústrias relacionadas à exportação", alerta o Banco Mundial.

Os acordos assinados pelo México e Mercosul com a União Europeia "representam um passo em direção à diversificação de mercados", mas será necessário "atender a uma agenda pendente de décadas nas áreas de infraestrutura, educação, regulamentação, concorrência e política tributária", aconselha.

Também observa que os cortes na ajuda externa ao desenvolvimento depois que Trump reduziu ao mínimo a USAID, a maior agência humanitária do mundo, terão um impacto no Haiti, na conservação da Amazônia na América do Sul e no apoio aos "migrantes venezuelanos nos países receptores".

Na frente fiscal, o Banco Mundial observa que os gastos públicos "permanecem altos" e os déficits "consideráveis".

No geral, os avanços na redução da dívida continuam limitados: a relação dívida/PIB aumentou para 63,3% em 2024 (em comparação com 59,4% em 2019).

O declínio da pobreza continua avançando, mas mais lentamente.

As estimativas para 2024 indicam que a pobreza monetária caiu para 24,4% da população na América Latina e no Caribe, ante 25% em 2023. Mas o Banco Mundial espera que a desigualdade permaneça alta.

"O cenário econômico global mudou drasticamente, marcado por níveis crescentes de incerteza", disse Carlos Felipe Jaramillo, vice-presidente do Banco Mundial para a América Latina e o Caribe, citado em um comunicado.

"Os países devem recalibrar suas estratégias e pressionar por reformas ousadas e práticas que aumentem a produtividade e a competitividade", acrescentou.

Inteligência artificial

O desenvolvimento da inteligência artificial, que é motivo de preocupação para alguns setores das economias avançadas, "se espalha mais lentamente" na região, onde entre 26% e 38% do emprego está exposto a essa tecnologia, observa o Banco Mundial.

Entre 7% e 14% dos empregos na América Latina poderiam ser mais produtivos por meio de melhorias na inteligência artificial, especialmente em setores como educação, saúde e serviços pessoais, argumenta.

A transição energética também tem consequências para a demanda de mão de obra.

"O emprego em setores com emissões relativamente baixas de gases de efeito estufa ainda é baixo, em torno de 10%", enquanto naqueles com altas emissões, como a agricultura, "é mais generalizado".

As políticas de Trump terão um impacto que vai além da guerra comercial se ele conseguir cumprir sua promessa de realizar a maior deportação de imigrantes em situação irregular da história dos Estados Unidos.

Por enquanto, as regulamentações de imigração mais rígidas nos EUA redirecionaram os fluxos migratórios.

"Aproximadamente 20% dos novos migrantes vão para os Estados Unidos", que continua concentrando a maior quantidade, "61% para outros países da América Latina e do Caribe, e o restante para partes da Europa", calcula o relatório.

Os fluxos de remessas continuam altos em alguns países: representam mais de 15% do PIB na Nicarágua, Honduras, El Salvador, Guatemala, Haiti e Jamaica.

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