Economia

Ameaça norte-coreana e F-35 impulsionam venda mundial de armas

As vendas de armas dos 100 maiores fornecedores de defesa do mundo aumentaram no ano passado pela primeira vez desde 2010, segundo o Sipri

Caça F-35B da Marinha americana em hangar após cerimônia na base aérea de Eglin, na Flórida (Michael Spooneybarger/Reuters)

Caça F-35B da Marinha americana em hangar após cerimônia na base aérea de Eglin, na Flórida (Michael Spooneybarger/Reuters)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 11 de dezembro de 2017 às 15h15.

Hong Kong - As vendas de armas dos 100 maiores fornecedores de defesa do mundo aumentaram no ano passado pela primeira vez desde 2010, segundo o Instituto de Pesquisa da Paz Internacional de Estocolmo (Sipri, na sigla em inglês).

As vendas totais de armas e serviços militares cresceram 1,9 por cento em relação ao ano passado, para US$ 374,8 bilhões, anunciou o instituto com sede em Estocolmo em comunicado. O montante representa um aumento de 38 por cento em relação a 2002, quando o Sipri começou a publicar os números das vendas de armas das corporações.

As vendas da Lockheed Martin, maior fabricante de armas do mundo, subiram 10,7 por cento, impulsionadas em grande parte pelas entregas do avião de combate F-35. As vendas de armas de empresas dos EUA aumentaram 4 por cento, para US$ 217,2 bilhões, ou 57,9 por cento do total global.

As preocupações com os programas de mísseis e armas nucleares da Coreia do Norte ajudaram as empresas sul-coreanas a registrarem um aumento de 20,6 por cento nas vendas, para US$ 8,4 bilhões, maior total entre os países em desenvolvimento.

A Coreia do Sul ampliou os investimentos em defesa em 7 por cento no orçamento de 2018, maior aumento desde 2009. O presidente Moon Jae-in disse na semana passada que o país precisa alcançar uma superioridade militar “esmagadora” em relação à Coreia do Norte para preservar sua própria paz e segurança.

“A percepção contínua e crescente de ameaça impulsiona aquisições de equipamentos militares pela Coreia do Sul e o país está se voltando cada vez mais à sua própria indústria de armas para suprir sua demanda por armas”, disse Siemon Wezeman, pesquisador sênior do Sipri. “Ao mesmo tempo, a Coreia do Sul buscar concretizar o objetivo de se tornar uma grande exportadora de armas.”

As maiores empresas de armas do Japão registraram fortes quedas no ano passado, informou o Sipri. As vendas de armas da Mitsubishi Heavy Industries caíram 4,8 por cento, enquanto a Kawasaki Heavy Industries e a Mitsubishi Electric recuaram 16,3 por cento e 29,2 por cento, respectivamente.

Europa e Rússia

As vendas de armas da Europa Ocidental ficaram estáveis, em cerca de US$ 91,6 bilhões, com declínios registrados por empresas da França e da Itália.

As vendas das empresas alemãs subiram 6,6 por cento lideradas pela fabricante de veículos blindados Krauss-Maffei Wegmann e pela Rheinmetall, fabricante de tecnologias de segurança, em meio à demanda do Oriente Médio, do Sudeste Asiático e da Europa.

As empresas russas listadas entre as 100 maiores pelo Sipri registraram aumento de 3,8 por cento nas vendas, para US$ 26,6 bilhões, dando ao país uma fatia de 7,1 por cento do mercado global.

As empresas chinesas não foram incluídas devido à falta de dados, mas o Sipri afirmou que como o gasto militar chinês quase triplicou entre 2002 e 2016, pelo menos nove ou 10 empresas quase certamente fariam parte do ranking das 100 maiores empresas se houvesse dados disponíveis.

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