Economia

Alta do dólar faz gastos de brasileiros no exterior cair

Segundo dados divulgados pelo BC, as despesas com viagens internacionais somaram US$ 1,204 bilhão no mês passado, o menor nível desde maio deste ano

Dólar: em novembro, o dólar turismo saltou de R$ 3,35, em média, para R$ 3,57 (AFP/AFP)

Dólar: em novembro, o dólar turismo saltou de R$ 3,35, em média, para R$ 3,57 (AFP/AFP)

AB

Agência Brasil

Publicado em 20 de dezembro de 2016 às 16h44.

A alta do dólar fez os gastos de turistas brasileiros no exterior cair em novembro. Segundo dados divulgados há pouco pelo Banco Central, as despesas com viagens internacionais somaram US$ 1,204 bilhão no mês passado, o menor nível desde maio deste ano (US$ 1,113 bilhão).

Em outubro, os gastos com viagens ao exterior tinham somado US$ 1,421 bilhão, o maior nível no ano. Apesar da queda em novembro, as despesas com viagens internacionais continuam superiores aos US$ 971,4 milhões registrados no mesmo mês do ano passado.

Em novembro, o dólar turismo saltou de R$ 3,35, em média, para R$ 3,57. A alta foi motivada pela eleição de Donald Trump para a Presidência dos Estados Unidos e pelas expectativas de que o Federal Reserve (Fed), Banco Central norte-americano, aumentasse os juros da maior economia do planeta, o que ocorreu na reunião do órgão na semana passada.

Petróleo

A queda dos gastos no exterior e as exportações de plataforma de petróleo em novembro contribuíram para melhorar o saldo de transações correntes.

No mês passado, a conta ficou negativa em US$ 878 milhões, contra déficit de US$ 3,339 bilhões registrados em outubro e déficit de US$ 2,948 bilhões obtidos em novembro do ano passado.

De acordo com o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, a maior contribuição veio das exportações de plataformas de petróleo, que ampliaram o superávit da balança comercial para US$ 4,516 bilhões no mês passado.

Por causa disso, segundo ele, o déficit em novembro ficou abaixo do previsto pelo próprio Banco Central, que projetava resultado negativo de US$ 1,7 bilhão.

No acumulado de 12 meses, o déficit em transações correntes atinge US$ 20,261 bilhões, equivalente a 1,12% do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas no país).

No mesmo período do ano passado, o indicador estava em US$ 68,063 bilhões, 3,67% do PIB.

Transações correntes

O saldo em transações correntes é formado pela soma dos saldos da balança comercial e das balanças de serviços (exportações menos importações de serviços), de renda (conta que engloba pagamento de juros e remessas de lucros e dividendos para o exterior) e as transferências unilaterais (doações de brasileiros que vivem no exterior ou de organizações estrangeiras para o Brasil).

O indicador mede a vulnerabilidade do país a crises externas. Quanto menor o déficit, mais sólida é a situação do país.

Caso o resultado das transações correntes fique negativo, o país passa a depender do mercado financeiro e dos investimentos estrangeiros diretos (investimentos internacionais que geram emprego no país) para ter resultados positivos no balanço de pagamentos que segurem a desvalorização do real e acumular reservas internacionais, que servem como seguro do país contra a dívida externa.

Os investimentos estrangeiros diretos, investimentos internacionais que geram emprego no país, somaram US$ 8,752 bilhões em novembro.

De acordo com Maciel, o valor também ficou acima das projeções do Banco Central de US$ 6,5 bilhões para o mês passado.

Nos 11 primeiros meses do ano, os investimentos diretos totalizaram US$ 63,657 bilhões, alta em relação aos US$ 59,864 bilhões registrados no mesmo período do ano passado.

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