O dólar na casa de R$ 1,80 diminui a defasagem, mas ainda é insuficiente para tornar os produtos brasileiros competitivos no exterior (Karen Bleier/AFP)
Da Redação
Publicado em 20 de setembro de 2011 às 20h22.
São Paulo - A escalada do dólar deve ter forte impacto na inflação ao consumidor no último trimestre do ano, tanto pelo lado das cotações dos alimentos e de outras matérias-primas, como das cotações dos produtos manufaturados. Se o câmbio médio deste mês girarem torno R$ 1,75, os preços das commodities terão alta de 9,5% em reais, com reflexos nos preços no atacado e no varejo, calcula o sócio da RC Consultores, Fabio Silveira.
"Será uma forte pressão inflacionária sobre os IGPs e os IPCs", afirma o economista. Para chegar a esse número, ele considerou um câmbio médio de R$ 1,75 neste mês e o comportamento do índice CRB (Commodity Research Bureau), que acompanha a cotação de 25 commodities, entre as quais estão alimentos, metais e petróleo. Apesar de o índice CRB ter recuado desde julho em dólar, o dólar caminhou no sentido oposto e se valorizou em relação ao real. Com isso foi anulado o impacto desinflacionário dos preços em reais das commodities.
Silveira não se arrisca a projetar o tamanho do repasse da alta dos preços das commodities para o IPCA, mas diz que no quarto trimestre de 2010, quando os preços das commodities medidos pelo CRB variaram entre 4% e 5% em reais, o impacto ocorreu no primeiro trimestre deste ano: em fevereiro e março, o IPCA variou entre 0,7 a 0,8% ao mês. "O impacto é inevitável."
José Augusto de Castro, vice-presidente executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), observa que apesar de os importadores terem fechado o câmbio quando a cotação era mais favorável às compras externas, provavelmente haverá algum repasse porque a conta que o empresário faz é custo de reposição do produto. Com o dólar mais alto, o custo aumenta. "É possível que haja um aumento de 10% nos preços em reais dos manufaturados no Natal", prevê Castro.
Ele observa também que, do ponto de vista das exportações, o dólar na casa de R$ 1,80 diminui a defasagem, mas ainda é insuficiente para tornar os produtos brasileiros competitivos no exterior. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.