Economia

Alta de preços no IPC-S atinge 71% dos produtos, diz FGV

O número é o maior desde a última medição de janeiro deste ano, quando ficou em 73,53%


	Tomate: pesquisador citou como exemplo o tomate, cuja variação na terceira quadrissemana foi de 17,44%, ante 23,65%
 (Elza Fiuza/ABr)

Tomate: pesquisador citou como exemplo o tomate, cuja variação na terceira quadrissemana foi de 17,44%, ante 23,65% (Elza Fiuza/ABr)

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Da Redação

Publicado em 25 de novembro de 2013 às 13h37.

São Paulo - Apesar da desaceleração na alta do grupo Alimentação (de 0,99% para 0,95%) entre a segunda e a terceira leituras de novembro, a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), da Fundação Getulio Vargas (FGV) ficou ainda mais espalhada no período.

De acordo com o coordenador do IPC-S, Paulo Picchetti, o indicador de difusão chegou ao nível de 71,76% na terceira quadrissemana (últimos 30 dias encerrados na sexta-feira, 22), voltando a atingir novo patamar histórico de alta. O número é o maior desde a última medição de janeiro deste ano, quando ficou em 73,53%.

"O curioso é que a alta do grupo Alimentação, que tem o maior número de itens, diminuiu. Mesmo assim, o índice de difusão acelerou. Em janeiro, realmente o grupo aumentou o ritmo de elevação (para 2,18%). Tem uma pressão realmente generalizada de alta dos preços no IPC-S. Não é aquela coisa que você aponta o dedo e percebe que são dois ou três vilões. Tem um contexto de inflação realmente disseminada pelo índice", avaliou Picchetti ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado.

O economista da FGV acredita que o indicador de difusão poderá desacelerar nas próximas leituras, dado que alguns produtos alimentícios, que têm o comportamento bastante volátil, já estão ajudando a abrandar o IPC-S e poderão perder ainda mais força de alta.

Ele citou como exemplo o tomate, cuja variação na terceira quadrissemana foi de 17,44%, ante 23,65%; leite tipo longa vida, que cedeu 3,12%, após recuo de 2,72%; refeições em bares e restaurantes, com elevação de 0,44%, depois de 0,46%; e carnes bovinas, com 1,13% em relação ao aumento de 1,76%. "Podem ajudar o número (difusão) a desacelerar", estimou.

Em razão da perspectiva de novo abrandamento do grupo Alimentação, puxado especialmente pelo segmento de carnes, devido à sazonalidade favorável, Picchetti manteve a expectativa de inflação de 0,70% no IPC-S de novembro e de 5,70% no final do ano.

"A taxa caminha em direção à nossa projeção", disse. Entre a segunda e a terceira medição do mês o índice cheio passou de 0,64% para 0,67%.

Combustíveis

Embora não tenha feito alteração nas estimativas para o IPC-S, o coordenador do índice alerta para o comportamento dos preços dos combustíveis, que diz ser uma incógnita devido a dois fatores. O primeiro deles, segundo o professor do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, é o período de entressafra da cana-de-açúcar, que já começa a afetar os preços do etanol e indiretamente da gasolina.

"Mas essa não é a grande preocupação. A grande questão é saber se o reajuste virá antes do final do ano, o que acaba por ter impacto no índice de difusão, já que combustíveis têm componente indireto em outros grupos. É mais difícil de calcular, mas exerce pressão", avaliou.

IPCA x Selic

Para Picchetti, o aumento do indicador de difusão, contudo, não deve mudar o quadro de expectativas em relação à inflação oficial de 2013, que deve voltar a fechar perto de 6,00% (ante 5,84% em 2012).

"A leitura (do mercado) é de que a inflação (medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo/IPCA) não deverá romper o teto da meta (de 6,50%), mas poderá ficar próxima de 6,00% novamente, numa percepção de que continua forte.

Então, o momento de combatê-la é agora", avaliou, ao referir-se à reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) deste mês, que, segundo ele, deverá elevar, na quarta-feira, 27, a taxa de juros em 0,50 ponto porcentual, para 10,00% ao ano.

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