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Alta de 1 ponto porcentual na Selic não é compromisso, diz diretor do BC

Segundo Kanczuk, o Copom "não é escravo" de projeções do mercado e que só aproveita informações.

Banco Central. (Arquivo/Agência Brasil)

Banco Central. (Arquivo/Agência Brasil)

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Estadão Conteúdo

Publicado em 13 de outubro de 2021 às 12h33.

O diretor de Política Econômica do Banco Central, Fabio Kanczuk, afirmou nesta quarta-feira, 13, que a sinalização do Comitê de Política Monetária (Copom) é de que o orçamento de alta de juros aumentou em virtude da projeção de inflação em 2022 em 3,7%, acima do centro da meta de 3,5%, e com o balanço de riscos assimétrico para cima devido ao cenário fiscal. "Com risco fiscal, não dá para evitar política monetária mais apertada. Nós concordamos que o problema fiscal pode levar à inflação maior", disse, em evento do HSBC.

Mas Kanczuk repetiu declarações anteriores do presidente do BC, Roberto Campo Neto, de que o nível final da Selic é mais importante do que o ritmo para alcançar o objetivo de convergência da inflação à meta em 2022.

"Pensamos que ritmo de alta de 1 ponto porcentual da Selic é mais do que suficiente para 2022. Precisamos elevar mais a Selic mas vamos manter o ritmo", afirmou.

Ele ponderou, contudo, que esse passo de 1 ponto porcentual não é um compromisso e que o BC pode alterá-lo se for necessário. "Se ritmo da inflação enlouquecer, posso achar que ritmo de 1 pp não será mais suficiente."

Segundo Kanczuk, o Copom "não é escravo" de projeções do mercado e que só aproveita informações.

O diretor do BC argumentou ainda que as projeções de inflação nos horizontes mais longos, de três a quatro anos, estão ancoradas.

Sobre a discussão de usar política cambial para controlar a inflação, Kanczuk argumentou que o BC avalia que a taxa Selic tem um efeito maior sobre a dinâmica inflacionária no horizonte relevante. Segundo o diretor do BC, não há como usar a Selic e a taxa de câmbio para controlar a inflação. "Não funciona."

Kanczuk afirmou que se o BC entendesse que as intervenções cambiais são melhores para esse propósito, teria de abandonar o sistema de metas. "Não faremos isso. No curto prazo, o câmbio tem mais efeito, mas, no horizonte relevante, não", disse, sobre os tempos diferentes de efeito do câmbio e da Selic sobre a inflação.

Dominância fiscal

O diretor de Política Econômica do Banco Central afirmou que a autoridade monetária não pode considerar a discussão sobre dominância fiscal como impedimento para elevar os juros. Segundo Kanczuk, a dominância fiscal é uma questão de superávit primário que é um assunto do Ministério da Economia e não do BC.

"Não podemos estar preocupados com a dominância fiscal ao subir juros. Planejador social pode ter essa preocupação. O BC é só um jogador preocupado em qual deve ser a política monetária. Só é preocupado com inflação e não com dominância fiscal", disse Kanczuk. "Vamos aumentar os juros independentemente da discussão sobre dominância fiscal. Se há mais inflação, aumentamos os juros. É assim que nos comportamos", completou.

Ele ponderou, contudo, que os indicadores de sustentabilidade fiscal melhoraram com as surpresas favoráveis de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e que a discussão de dominância fiscal diminuiu no mercado. "Já era difícil falar em dominância fiscal antes, agora é mais difícil ainda", afirmou.

Kanczuk argumentou, contudo, que o BC não havia ficado tão otimista quanto o mercado com a melhora dos indicadores e que, agora, está menos pessimista.

Política monetária dos EUA

O diretor de Política Econômica do Banco Central afirmou ainda que, se a política monetária dos Estados Unidos mudar, o Copom terá de reagir "de acordo".

Segundo Kanczuk, o BC terá de fazer mais do que o eventual movimento do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), pois o aperto monetário americano tem um impacto maior sobre a taxa básica brasileira. "Temos que observar, mas, na nossa visão, se isso acontecer, a elasticidade é maior do que um."

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