Economia

"Alta da Selic será adiada com reversão do choque agrícola"

Para o banco Modal, a reversão do atual choque agrícola, causado pela seca nos Estados Unidos, será ajudada com a safra recorde no Brasil


	Colheita da agricultura: o choque agrícola traz um impacto de até 0,25 ponto percentual no IPCA, diz banco
 (Adalberto Roque/AFP)

Colheita da agricultura: o choque agrícola traz um impacto de até 0,25 ponto percentual no IPCA, diz banco (Adalberto Roque/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de agosto de 2012 às 17h34.

São Paulo - O Banco Central não deve precisar elevar a Selic antes do segundo semestre do ano que vem devido à reversão da alta dos preços de produtos agrícolas no início de 2013, disse o economista-chefe do Banco Modal SA, Felipe Tâmega.

Para ele, a reversão do atual choque agrícola, causado pela seca nos Estados Unidos, será ajudada com a safra recorde no Brasil - sobretudo de soja, o que deve compensar parte do efeito da alta esperada para os preços administrados após as eleições.

“O choque agrícola traz um impacto de até 0,25 ponto percentual no IPCA, que pode fechar o ano em 5,30 por cento”, disse Tâmega em entrevista por telefone do Rio de Janeiro. “A reversão do choque seguraria os preços e começaria a ajudar a inflação, enquanto a recuperação da atividade talvez fique aquém do que o governo gostaria.”

O Modal projeta expansão do PIB de 1,1 por cento no terceiro trimestre ante o segundo pelo critério dessazonalizado, com “riscos para baixo nesse crescimento”, disse o economista- chefe. Segundo ele, a economia pode entrar melhor em 2013, também ajudada pela safra agrícola recorde.

O Modal mantém projeção de mais duas quedas de 0,50 ponto percentual na Selic, para 7 por cento em 2012, e aumento de 1,5 ponto percentual em 2013, ao longo do segundo semestre.

“Teremos um segundo semestre deste ano bastante atribulado”, disse Tâmega. “Os Estados Unidos não vão resolver os problemas fiscais e, sim, jogá-los para o ano que vem. Haverá frustração com a política monetária do Fed. E a China vai demorar a ganhar tração.”

Para o economista, a Europa continuará sendo um ponto nevrálgico, com Espanha e Itália podendo pedir ajuda ao fundo de estabilização e também com a possibilidade de o Banco Central Europeu comprar títulos curtos desses países, jogando as taxas para baixo.
“A Europa ganha tempo, mas os resultados fiscais prometidos são difíceis de entregar”, disse ele.

Acompanhe tudo sobre:EstatísticasGrãosIndicadores econômicosInflaçãoSelic

Mais de Economia

Haddad: pacote de corte de gastos será divulgado após reunião de segunda com Lula

“Estamos estudando outra forma de financiar o mercado imobiliário”, diz diretor do Banco Central

Reunião de Lula e Haddad será com atacado e varejo e não deve tratar de pacote de corte de gastos

Arrecadação federal soma R$ 248 bilhões em outubro e bate recorde para o mês