Economia

Alimentos derrubam vendas nos supermercados

"Num país em que há aumento populacional, não é bom sinal ter queda na venda de alimentos", observa o presidente do Conselho Consultivo da Abras, Sussumu Honda.


	Supermercados mais vazios: "Num país em que há aumento populacional, não é bom sinal ter queda na venda de alimentos", observa o presidente do Conselho Consultivo da Abras, Sussumu Honda
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Supermercados mais vazios: "Num país em que há aumento populacional, não é bom sinal ter queda na venda de alimentos", observa o presidente do Conselho Consultivo da Abras, Sussumu Honda (.)

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Da Redação

Publicado em 15 de outubro de 2015 às 10h45.

São Paulo - Um dos últimos a sentir o efeito da crise, o setor de supermercados deve fechar 2015 com queda nas vendas, algo que não ocorria nos últimos dez anos. Inflação dos alimentos em alta e perda de renda dos brasileiros levaram o setor para uma situação inusitada.

"Num país em que há aumento populacional, não é bom sinal ter queda na venda de alimentos", observa o presidente do Conselho Consultivo da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Sussumu Honda.

Na Pesquisa Mensal do Comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o segmento de supermercados foi apontado como o vilão para o fraco desempenho do comércio varejista em agosto.

A retração de 0,1% no volume de vendas dos supermercados em agosto em comparação com julho pode parecer pequena, mas não é porque o setor é um dos que mais pesa no varejo.

Dados da Abras apontam que, neste ano, os supermercados acumulam até agosto queda de 0,69% no faturamento, descontada inflação do período. Honda diz que 2015 deve fechar com retração de 0,3% nas vendas.

Já nas contas da Associação Paulista de Supermercados (Apas), o tombo deste ano será maior: queda real de 1%. "Desde 2006 o setor não tinha desempenho negativo", afirma o gerente do Departamento de Economia e Pesquisa da entidade, Rodrigo Mariano.

Ele observa que a retração de 1% do setor é ruim, mas representa um cenário menos dramático do que a queda esperada para o Produto Interno Bruto, que passa de 2%.

No entanto, o economista ressalta que o recuo nas vendas apontado pelo IBGE de julho para agosto é um sinal bem negativo. Isso porque o mês de agosto deste ano teve cinco finais de semana, enquanto em julho foram quatro.

E, como o sábado e o domingo são os melhores dias de vendas, a expectativa era de algum crescimento ou de pelo menos um empate, diante de um cenário de crise, observa.

Nem o atacado escapa da freada no consumo de itens básicos, como alimentos e produtos de higiene e limpeza. Em agosto, o faturamento real do setor caiu 5,56% em comparação com julho e 12% ante o mesmo mês de 2014, segundo a Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad).

Fundo do poço

Apesar de as projeções do desempenho do setor para o ano da Abras e da Apas serem diferentes, elas apontam para a mesma direção. Tanto Honda como Mariano esperam que a queda nas vendas deem uma trégua no último trimestre.

"A queda no último trimestre do ano vai se estabilizar", prevê Honda.

Ele lembra que a retração no consumo de alimentos foi muito forte nos meses de junho, julho e agosto porque alguns itens pesaram muito na cesta de compras do consumidor, além da perda da renda por causa do aumento da inflação.

Daqui para a frente, no entanto, com o recuo dos preços das commodities, ele acredita que esse cenário de queda possa se estabilizar.

Outro fator apontado pelo presidente do Conselho Consultivo da Abras para a estabilização é que, normalmente, mais dinheiro entra em circulação na economia no último trimestre do ano. E, como o brasileiro já cortou muitos gastos, como viagens, reforma da casa e compra de eletroeletrônicos, por exemplo, devem sobrar mais recursos para gastar com alimentos nas festas de fim de ano.

Além desses fatores, Mariano acrescenta mais um. No fim do ano passado, a inflação de alimentos e de bebidas foi muito elevada e, neste ano, ele acredita que há poucas chances de que esse quadro se repita. 

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