Economia

Alguém tem que pagar por aposentadorias precoces, diz Meirelles

Ministro ainda mencionou uma série de pontos da Previdência Social que são muito mais generosos no Brasil do que em outros países

Meirelles: aposentadoria precoce no Brasil ocorre em categorias beneficiadas por regras especiais e por tempo de contribuição (Ueslei Marcelino/Reuters)

Meirelles: aposentadoria precoce no Brasil ocorre em categorias beneficiadas por regras especiais e por tempo de contribuição (Ueslei Marcelino/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 17 de abril de 2017 às 12h00.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, criticou o incentivo que ainda existe no Brasil às aposentadorias precoces, verificadas principalmente nas categorias beneficiadas por regras especiais e também na modalidade de aposentadoria por tempo de contribuição.

"Alguém tem que pagar a conta das aposentadorias precoces. Essa generosidade gera um custo que a sociedade como um todo está pagando. Com o déficit aumentando, a taxa de juros sobe, e o País todo paga a conta", disse Meirelles.

Ele mostrou que a idade média de aposentadoria dos homens é hoje de 59,4 anos, uma das menores encontradas no mundo. Enquanto isso, no México, um país com características socioeconômicas semelhantes ao Brasil, essa média é de 72 anos.

Meirelles ainda mencionou uma série de pontos da Previdência Social que são muito mais generosos no Brasil do que em outros países.

A taxa de reposição (valor do benefício comparado ao salário de contribuição do trabalhador), por exemplo, é 76% no caso brasileiro, muito superior à média dos europeus, que é 56%.

"É uma taxa de reposição substancialmente maior do que a maior parte dos países da Europa. Só tem um maior, que é Luxemburgo, mas é um país pequeno, cidade-estado, centro financeiro", destacou o ministro. "Isso mostra claramente que o Brasil está numa situação interessante, de certo ponto de vista, mas temos que resolver o problema para que despesas possam caber no orçamento do País", disse.

Outra "bondade" é o valor do Benefício de Prestação Continuada (BPC), pago a idosos acima de 65 anos e pessoas com deficiência de baixa renda. Hoje, ele equivale a 33% do PIB per capita, enquanto iniciativas semelhantes em outros países têm um índice muito menor, de 1% do México, de 2% na Índia e de 5% da Colômbia.

Até mesmo nos Estados Unidos, esse porcentual é de 16% mostrou o ministro. O índice brasileiro, por sua vez, é igual ao da Irlanda e menor apenas do que o da Bélgica (35%).

Diante desses dados, Meirelles ressaltou a necessidade de fazer a reforma da Previdência para evitar que haja insegurança dos aposentados em relação ao pagamento de seus benefícios ou que haja uma crise fiscal no País.

"Temos que dar a segurança de que a aposentadoria será paga", afirmou o ministro, lembrando que o objetivo da reforma da Previdência é manter as despesas com os benefícios constantes em aproximadamente 8% do PIB, patamar atual.

Discussões

Meirelles informou que as mudanças na proposta da reforma da Previdência que foram discutidas no domingo, 16, com o presidente Michel Temer continuam com uma redução de 20% do impacto positivo previsto inicialmente nas contas públicas. Segundo ele, os técnicos estão fazendo as contas para garantir com segurança que os "números" apontem para o sucesso da reforma.

Ele informou que, na reunião com o presidente, foi discutida a possibilidade de adiamento do recesso parlamentar para a aprovação da reforma. Ele ponderou que existe um compromisso claro das lideranças governistas com a aprovação da reforma. "O consenso é que teremos amanhã (18) a leitura do relatório", afirmou.

Meirelles não quis dar detalhes sobre as mudanças no relatório, argumentando que o relator vai trabalhar até o fim do dia no parecer. "As lideranças estão comprometidas a aprovar o mais rápido possível", disse.

Acompanhe tudo sobre:AposentadoriaHenrique MeirellesReforma da Previdência

Mais de Economia

Chinesa GWM diz a Lula que fábrica em SP vai produzir de 30 mil a 45 mil carros por ano

Consumo na América Latina crescerá em 2025, mas será mais seletivo, diz Ipsos

Fed busca ajustes 'graduais' nas futuras decisões sobre juros