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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h26.
A Alemanha voltou ao topo do ranking dos países que mais investem capital produtivo no Brasil. Segundo o Banco Central, as empresas alemãs investiram, nos quatro primeiros meses deste ano, quase o mesmo valor que destinaram à economia brasileira em todo o ano passado. De janeiro a abril, aplicaram 498 milhões de dólares. Nos 12 meses de 2003, foram 498 milhões.
Desse total, 91,5% foi para indústria automotiva, cerca de 4%, para o setor de bens de capital (máquinas e equipamentos) e 3% para a indústria química. Com isso, volta a ocupar a posição em que tradicionalmente esteve no ranking dos países que mais investem no Brasil: o segundo lugar, perdendo só para os Estados Unidos. Entre 2001 e 2003, a Alemanha esteve na sexta posição.
Na opinião do presidente do Fórum Empresarial Mercosul-União Européia, Ingo Plöger, os investimentos cresceram em razão de a economia brasileira ter se fortalecido. "Os fundamentos da economia melhoraram em 2003", disse ele. Além disso, na opinião de Ben van Shaik, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha, existem mais oportunidades para o investidor estrangeiro. "O Brasil é muito melhor do que sua imagem", afirmou.
A política industrial e o projeto das Parcerias Público-Privadas indicam ao empreendedor estrangeiro que há um esforço do governo brasileiro de criar regras claras e condições para atrair o investidor. Tais iniciativas sinalizam ainda uma mudança de postura do país que "sempre foi muito passivo na atração de investimentos", na avaliação do presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), professor Antonio Correa de Lacerda.
Segundo Lacerda, os investimentos em setores nos quais o capital alemão já está consolidado no Brasil mostra que as empresas estão se reposicionando. Um estudo da Sobeet, realizado para a câmara alemã que lançou, nesta quarta-feira (9/6), o livro Acreditando no Brasil, mostrou que 33% do faturamento do setor automotivo brasileiro em 2003 foi de companhias alemãs. A participação na indústria de caminhões e ônibus foi de 65% no ano passado.
Investimentos diretos
Apesar de o total de investimentos diretos estrangeiros (IDE) previsto para 2004 ser inferior à média dos últimos anos, Lacerda destacou a sua importância. "Observamos a retomada dos investimentos em setores-chave da economia, os quais têm um forte papel no crescimento da economia brasileira."
A comparação do IDE absorvido pela China nesta década deve ser feita com cautela. "Há de se relativizar a comparação da China com o Brasil pois aqui a indústria já está consolidada. E a China parte do zero", afirmou o presidente da Sobeet.
Lacerda discorda quando se diz que o investimento estrangeiro no Brasil chegou a um novo patamar e que, a partir de agora, não existirão fluxos muito maiores que 12 bilhões de dólares (previsão para 2004). Ele argumenta que, quando o país conseguiu atrair 30 bilhões em 2000, o fluxo de investimento no mundo foi de 1,4 trilhão. Em 2004, a previsão do fluxo mundial é de 650 bilhões.
Alemães no Brasil
Presentes no Brasil como empreendedores desde o século XIX, os alemães investiram, desde então, 19,4 bilhões de dólares no país. O cálculo foi feito pela Sobeet a partir dos dados do Banco Central e também a partir das informações das empresas instaladas no país que decidiram reinvestir seus lucros ou aplicar os recursos de unidades localizadas fora da Alemanha.