Economia

Alemanha reduz previsão de crescimento, mas não muda medidas

"A economia alemã navega em águas difíceis, devido a várias crises geopolíticas e a uma economia mundial reaquecida", explicou o ministro da Economia

Sigmar Gabriel: "É evidente que a dinâmica econômica desacelerou", admitiu ministro (AFP)

Sigmar Gabriel: "É evidente que a dinâmica econômica desacelerou", admitiu ministro (AFP)

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2014 às 18h14.

O governo alemão considerou a desaceleração econômica do país e, nesta terça-feira, revisou para baixo as previsões de crescimento do seu PIB, embora tenha garantido que "não há motivos" para mudar a política econômica.

Berlim reduziu sua previsão de crescimento para 1,2% em 2014 e 1,3% em 2015. As previsões anteriores, de abril, apostavam em um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) alemão de 1,8% em 2014 e de 2% em 2015.

"A economia alemã navega em águas difíceis, devido a várias crises geopolíticas e a uma economia mundial reaquecida", explicou o ministro da Economia, Sigmar Gabriel.

"É evidente que a dinâmica econômica desacelerou", admitiu o ministro.

Esta redução dos prognósticos foi amplamente antecipada, já que a maioria dos bancos, os principais institutos de conjuntura e o próprio Fundo Monetário Internacional (FMI) já tinham revisado para baixo as expectativas de crescimento do PIB alemão.

Gabriel afirmou que não há motivos para mudar o rumo da política econômica da Alemanha, como pedem vários sócios europeus que desejam mais investimentos públicos e uma política de reativação na maior economia da zona do euro.

"Não há motivos para abandonar ou mudar nossa política econômica e fiscal", disse o ministro, ressaltando que "a Alemanha não está em recessão, e segue uma trajetória de crescimento".

Para ele, "provocar dúvidas" sobre a economia do país "não vai resultar no crescimento da Itália, da França, da Espanha ou da Grécia", países que convocou a implementar reformas.

"Se ninguém ficou preocupado em 2013 (com um crescimento alemão de apenas 0,1%), não existe razão alguma para ficar nervoso com 1,2% e 1,3%", completou o ministro, que criticou os recentes pedidos para que o Executivo alemão faça mais investimentos a fim de sustentar o crescimento.

Os pedidos à Alemanha, considerada a locomotiva da zona do euro, partiram de seus vizinhos europeus, dos Estados Unidos, do FMI e do Banco Central Europeu (BCE).

"Esses pedidos não são novos", lembrou à AFP Annette Heuser, que dirige a filial da Fundação Bertelsmann em Washington.

Mas, ao contrário do que aconteceu no início dos anos 2010, a Alemanha tem agora uma confortável margem de manobra no seu orçamento.

O déficit público alemão neste ano será equivalente a zero, bem abaixo das normas europeias, que permitem um déficit de 3% do PIB.

Infraestruturas obsoletas

A chanceler Angela Merkel e seu governo estão conscientes da necessidade de investimentos em uma Alemanha com infraestruturas muitas vezes obsoletas e com atrasos no setor digital.

Mas o governo alemão considera que esses investimentos devem vir do setor privado.

Berlim quer, por exemplo, simplificar alguns procedimentos administrativos, permitir que as companhias de seguros invistam mais facilmente nos projetos de infraestruturas, e dar um novo impulso às alianças entre os setores público e privado.

Se houver alguma mudança na política econômica da Alemanha, será em doses "homeopáticas", opina Christian Schulz, do banco Berenberg.

"Um programa de investimentos alemão em grande escala ou até mesmo uma redução de impostos são pouco prováveis", arrisca o analista.

Nesse cenário, o barômetro Zew de confiança do empresariado alemão na conjuntura do país registrou em outubro sua décima queda consecutiva, e entrou em terreno negativo pela primeira vez desde o final de 2012, segundo dados divulgados nesta terça-feira.

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