Economia

Alemanha: euro não está supervalorizado

"O aumento do valor do euro que vemos atualmente é uma reação à grande desvalorização provocada pela crise da zona do euro", disse o porta-voz Steffen Seibert


	O ministro francês das Finanças, Pierre Moscovici: ele tinha dito que um euro supervalorizado prejudica o crescimento econômico
 (AFP/ Eric Piermont)

O ministro francês das Finanças, Pierre Moscovici: ele tinha dito que um euro supervalorizado prejudica o crescimento econômico (AFP/ Eric Piermont)

DR

Da Redação

Publicado em 6 de fevereiro de 2013 às 19h53.

Berlim - O euro não está supervalorizado, e as taxas de câmbio não deveriam ser usadas para fomentar a competitividade, opinou o governo alemão nesta quarta-feira, rejeitando o pedido da França para controlar a alta da moeda única europeia.

"O governo alemão está convencido de que o euro (...) não está supervalorizado atualmente", disse o porta-voz do governo alemão Steffen Seibert à imprensa.

"O aumento do valor do euro que vemos atualmente é uma reação à grande desvalorização provocada pela crise da zona do euro", disse Seibert.

Pouco antes, o ministro das Finanças francês, Pierre Moscovici, tinha dito que um euro supervalorizado prejudica o crescimento econômico e que este assunto deveria ser analisado pelos ministros de Economia da zona do euro e pelo G20, que reúne as economias mais avançadas do planeta.

Moscovici afirmou que se a valorização recente do euro se mantiver ao longo de um ano, repercutirá em 0,3% no crescimento econômico da França, mas Berlim não vê nisso nenhum sinal de alarme.


A última valorização do euro "mostra que a confiança dos mercados financeiros no euro está voltando, o que não é ruim", disse Seibert.

A Alemanha considera que a taxa de câmbio reflete os fundamentos econômicos "e um câmbio flexível é a melhor forma de conseguir isso", acrescentou.

"Só posso dizer que o G8 e o G20 separadamente concordaram que é sensato que os mercados determinem a taxa de câmbio", sustentou.

Contudo, Moscovici afirmou que se, por um lado, é certo que a avaliação do euro se explica, em parte, pelo afastamento dos perigos da crise da zona do euro, a política monetária de alguns países também contribui.

Por isso, considera que é legítimo discutir com os ministros da Economia europeus qual poderia ser o valor justo para o euro e como consegui-lo.


Seibert reconheceu que o assunto sem dúvida será discutido, mas "em nosso ponto de vista, a política de controle cambial não é uma ferramenta apropriada para fomentar a competitividade".

"Os efeitos de uma desvalorização tende a ser de curto prazo. Não pode ser usada para fomentar a competitividade de forma duradoura", disse Seibert.

Um dia antes, o presidente francês, François Hollande, tinha dito que o valor do euro não poderia ser deixado nas mãos dos caprichos do mercado.

Hollande afirmou no Parlamento Europeu em Estrasburgo que a moeda única deve ter una política de câmbio já que, do contrário, os mercados a determinarão e sem corresponder a sua verdadeira posição competitiva.


O euro se valorizou consideravelmente nos últimos meses à medida que a zona do euro parece ter superado seus problemas, que ameaçaram a própria sobrevivência da moeda única.

Na sexta-feira, o euro chegou a valer 1,3711 dólares, um nível que não era visto desde meados de novembro de 2011, o que provoca temores de que as exportações sejam afetadas em um momento em que a economia europeia tenta sair da recessão.

Durante vários meses, alguns países emergentes criticaram que a política monetária dos bancos centrais, mediante a injeção de liquidez em suas próprias economias, tende a afetar suas divisas e a desvalorizá-las.

Os analistas dizem que a política do Banco Central Europeu está dando sinais de menor flexibilidade e este é um fator que leva à alta do euro.

Acompanhe tudo sobre:AlemanhaCâmbioEuroEuropaMoedasPaíses ricos

Mais de Economia

Pacheco afirma que corte de gastos será discutido logo após Reforma Tributária

Haddad: reação do governo aos comentários do CEO global do Carrefour é “justificada”

Contas externas têm saldo negativo de US$ 5,88 bilhões em outubro

Mais energia nuclear para garantir a transição energética