Economia

Alemanha começa a sentir efeitos da crise

A queda do Índice de Gestor de Compras a seu nível mais baixo em 33 meses e as moderadas cifras do desemprego poderiam significar o fim do milagre alemão

Neste momento "há sinais preocupantes de uma certa deterioração dos mercados trabalhistas no coração" da Europa, destacou Jonathan Loynes, da Capital Economics (©AFP / Odd Andersen)

Neste momento "há sinais preocupantes de uma certa deterioração dos mercados trabalhistas no coração" da Europa, destacou Jonathan Loynes, da Capital Economics (©AFP / Odd Andersen)

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Da Redação

Publicado em 2 de maio de 2012 às 16h46.

Frankfurt - A Alemanha, apesar de ainda possuir uma situação econômica melhor que a de seus vizinhos e sócios do continente, começa a sofrer com a crise na Europa, conforme apontam as cifras de seu mercado de trabalho e de suas exportações industriais publicadas nesta quarta-feira.

A queda do Índice de Gestor de Compras (PMI, indicador sobre a atividade manufatureira de um país) a seu nível mais baixo em 33 meses e as moderadas cifras do desemprego poderiam significar o fim do milagre alemão.

Estas cifras foram publicadas uma semana depois da confirmação do objetivo oficial de crescimento do PIB de apenas 0,7% para 2012 da primeira economia europeia e de 1,6% em 2013, depois de ter crescido 3% no ano passado.

"A queda do índice PMI (de 48,4 pontos em março a 46,2 pontos em abril), reflete amplamente uma nova contração dos níveis de produção (...) com uma particular fragilidade nos bens de investimento, com as empresas deste setor prevendo uma rápida queda de sua carga de trabalho" detalhou o instituto Markit, que publicou este índice.

As exportações de bens de investimento, especialmente as máquinas vendidas a indústrias de todo o mundo, são um pilar do modelo econômico alemão, mas pagam pela desaceleração da economia fora da Alemanha.

"Algumas indústrias explicam a queda em seus pedidos de exportação por uma diminuição da demanda dos clientes do sul da Europa", garantiu Markit.

Por outro lado, o desemprego, um indicador que reage com atraso à conjuntura, reflete também uma desaceleração na Alemanha.

A taxa de desemprego, ainda invejável, ficou em 6,8%, segundo dados corrigidos de variações sazonais, com um pequeno aumento do número de pessoas que solicitam emprego (+19.000).


A demanda de mão de obra "retrocedeu liquidamente" em abril, segundo a agência estatal de emprego, que estima que "o ponto culminante da demanda parece ter sido superado, embora permaneça em um nível muito alto", com 500 mil ofertas de emprego para serem preenchidas.

Isso é consequência "de uma reação atrasada da desaceleração econômica temporária observada no segundo semestre de 2011", segundo Timo Klein, da IHS Global Insight.

A demografia da Alemanha em declínio e o pequeno número de jovens que chegam ao mercado de trabalho deveriam, contudo, ajudar o mercado de trabalho a médio prazo, informou.

Os economistas destacam também que a locomotiva econômica europeia continua numa forma melhor que seus vizinhos e que deveria recuperar potência ao longo do ano.

O índice PMI e o desemprego mostram que a Alemanha não sai incólume dos problemas na Europa e o desenvolvimento da crise da dívida é o "principal risco" para a primeira economia continental, disse Klein.

Até meados de 2011, a economia alemã não sofreu com a crise e o Estado, partidário do rigor orçamentário na Europa, se aproveitou em alguma medida, de poder pegar empréstimos a juros quase nulos.

Atualmente, a crise volta como um bumerangue, em um momento em que o debate sobre uma reativação do gasto público, a que Berlim se opõe, ganha adeptos na Europa.

Neste momento "há sinais preocupantes de uma certa deterioração dos mercados trabalhistas no coração" da Europa, destacou Jonathan Loynes, da Capital Economics. "No fim, isso pode ampliar a necessidade de mais crescimento na zona do euro", acrescentou.

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