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AL pode ser motor de crescimento, mas ainda sofre riscos

Para o ex-presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o mundo está "em uma mudança de época"

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 28 de junho de 2012 às 14h53.

Santander - A América Latina "está bem posicionada" para atuar como motor do crescimento da economia mundial, em parte por já ter feito os deveres que devem agora estão a cargo da Europa, mas a região ainda deve enfrentar "situações complicadas" em um momento de "mudança de época".

Essa análise foi compartilhada nesta quinta-feira por muitos dos economistas e representantes empresariais e institucionais que participaram do 11º Encontro Santander-América Latina, encerrado nesta quinta-feira pelo secretário-geral ibero-americano, Enrique Iglesias.

Para o ex-presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o mundo está "em uma mudança de época", já que após 30 ou 40 anos "de grande estabilidade", "entramos em um período de imprevisibilidade, e isso complica o panorama".

"Seguimos em direção a uma nova realidade que implica uma nova economia, um novo sistema de relações internacionais e uma transferência do poder", disse o secretário-geral ibero-americano durante o encontro, organizado pela Universidade Internacional Menéndez Pelayo (UIMP) e o grupo bancário Santander.

No mesmo sentido, o economista-chefe do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Juan José Ruiz, destacou que "estamos em um mundo diferente", no qual essa divisão "de 50%" entre países emergentes e países desenvolvidos "não vai se manter" e "pode se transformar em muito pouco tempo em uma relação de 60 a 40, ou 70 a 30" a favor dos primeiros.

Ao longo do encontro, os conferentes destacaram as boas perspectivas que se apresentam para uma América Latina que, segundo Iglesias, "tem todas as possibilidades de fazer desta década uma década de crescimento".


"Mas isso não é de graça", advertiu, já que "mais do que nunca", é necessário que a região mantenha sua estabilidade macroeconômica.

O ex-presidente do Banco Central do Chile Vittorio Cobo destacou que a força da América Latina vem de ter conseguido "sistemas bancários mais flexíveis", implantado "disciplinas fiscais", acumulado reservas internacionais e diversificado suas exportações.

"A América Latina tem sistemas financeiros considerados dos mais robustos do mundo", afirmou.

Mas esta situação, advertiu, esteve favorecida por "um superciclo" de matérias-primas, e o desafio agora é "administrá-lo bem".

Para o economista-chefe do Banco do México, Alberto Torres, os desafios enfrentados pela região são "a volatilidade nos mercados financeiros internacionais" e "a desaceleração" de outras economias, que podem afetar as exportações latino-americanas.

Por sua parte, Iglesias destacou entre "as sombras" da região a desigualdade, ao tempo que refletiu sobre a necessidade de fomentar um maior mercado regional.

Tanto o economista-chefe do BID como o ex-presidente do Banco Central do Chile descartaram, como um cenário "de baixa probabilidade", uma eventual quebra do euro.

"Não é o momento de imaginar catástrofes, mas de ter precaução e ter a caixa de ferramentas bem ordenada", afirmou Ruiz. 

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