Economia

Ajustes importantes virão em 2015, diz Bradesco

"A maior parte dos problemas brasileiros é de fácil resolução, depende do apetite reformista permanente, que todo país emergente deve ter", diz economista-chefe


	Bradesco: eleição não deve ter um impacto muito grande na atividade econômica, diz Barros
 (Adriano Machado/Bloomberg)

Bradesco: eleição não deve ter um impacto muito grande na atividade econômica, diz Barros (Adriano Machado/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 21 de julho de 2014 às 17h47.

São Paulo - O economista-chefe do Bradesco, Octavio de Barros, disse na tarde desta segunda-feira, 21, durante o seminário Revisão das Perspectivas 2014, promovido pela Autodata, que o primeiro semestre de 2015 será um período difícil, de ajustes importantes.

O segundo semestre do próximo ano, porém, pode ter uma situação bem mais promissora, a exemplo do que aconteceu em 2003.

"O PIB em qualquer cenário eleitoral em 2015 é idêntico, a partir de 2016 é que pode haver alguma diferença", comentou.

"Não há uma deterioração permanente da confiança, seja quem for que vencer a eleição", acrescentou, afirmando que governos do PT ou PSDB promoveriam reformas em ritmos diferentes, mas ambos teriam de avançar com esses ajustes estruturais.

Problemas estruturais

Octavio de Barros também disse que o Brasil não tem nenhum problema estrutural insuperável e que a situação econômica atual pode ser facilmente revertida com a melhora da confiança dos agentes econômicos.

"A maior parte dos problemas brasileiros é de fácil resolução, depende do apetite reformista permanente, que todo país emergente deve ter", comentou. Ele não se mostrou preocupado com um possível cenário de estagflação, afirmando que, se isso vier a ocorrer, será algo temporário.

Mesmo assim, Barros afirmou que uma recessão técnica este ano é possível, com uma contração trimestral dessazonalizada de 0,2% no segundo trimestre e novo encolhimento de mesma magnitude no terceiro trimestre.

Segundo o economista, qualquer que seja o novo governo que assuma em 2015, a administração terá de se preocupar com a questão da confiança, "que é o estímulo econômico mais barato que existe". Barros disse que a eleição não deve ter um impacto muito grande na atividade econômica.

"O Brasil tem uma economia robusta e diversificada. Já temos massa crítica e econômica que avança independentemente de governo", afirmou.

O representante do Bradesco estima que a inflação deve desacelerar de 6,4% este ano para 6% em 2015, e que nesse cenário o Banco Central deve manter a taxa básica (Selic) em 11% por um bom tempo. "Muita gente especula se o BC vai reduzir juros, eu acho que não. Acho que vai ficar nesse patamar por um bom tempo".

Cenário global

Barros se mostrou cauteloso com o cenário global, dizendo que existe sim uma recuperação, mas muito lenta e gradual. "Não há sinais de uma forte recuperação".

Segundo ele, as exportações da China estão correndo em uma taxa anualizada de 2,5% e na Europa há queda de 6%. "Tenho grandes dúvidas se os EUA vão carregar a economia global nas costas", comentou.

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