Economia

Ajuste moderado dos juros não impactaria inflação, diz Ipea

Para pesquisador do instituto, "ajuste moderado" seria uma alta equivalente ao que os analistas de mercado projetam, para 8% ou 8,25% ao ano.


	"Olhando para a atividade, um ajuste moderado na taxa de juros não deveria trazer impactos muito significativos", disse o coordenador do Grupo de Estudos de Conjuntura do Ipea, Fernando Ribeiro
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"Olhando para a atividade, um ajuste moderado na taxa de juros não deveria trazer impactos muito significativos", disse o coordenador do Grupo de Estudos de Conjuntura do Ipea, Fernando Ribeiro (Stock.xchng)

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Da Redação

Publicado em 26 de março de 2013 às 15h03.

Rio - O Banco Central (BC) mudou o tom nas suas últimas comunicações com o mercado, demonstrando maior preocupação com a inflação e abrindo a porta para uma alta na taxa básica de juros (Selic, hoje em 7,25% ao ano), mas o cenário atípico na economia dificulta estimar a eficácia de um aperto monetário sobre a pressão inflacionária, na avaliação de pesquisadores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

"Olhando para a atividade, um ajuste moderado na taxa de juros não deveria trazer impactos muito significativos", disse o coordenador do Grupo de Estudos de Conjuntura (Gecon) do Ipea, Fernando Ribeiro.

Para o pesquisador, "ajuste moderado" seria uma alta equivalente ao que os analistas de mercado projetam, para 8% ou 8,25% ao ano.

"O impacto sobre a inflação é um pouco mais complicado de medir", completou Ribeiro, em entrevista coletiva na sede do Ipea no Rio nesta terça-feira. O quadro para a inflação, segundo Ribeiro, depende mais dos diversos componentes da alta de preços.

O diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas, Claudio Hamilton, destacou que "o canal de transmissão mais convencional", pelo qual uma alta na taxa Selic impactaria na atividade e, assim, reduziria a pressão sobre os preços, está se comportando de forma atípica.

A "Carta de Conjuntura no. 18", cuja síntese foi lançada na entrevista coletiva no Rio, destaca peculiaridades do atual ciclo econômico brasileiro.


Ele se difere dos demais porque não começou com uma crise externa, não afetou o mercado de trabalho, a economia esfriou mas a inflação persistiu pressionada, a expansão monetária desde agosto de 2011 não provocou a aceleração esperada na economia e a desaceleração do consumo foi menor.

Nesse quadro atípico, os pesquisadores do Ipea sugeriram que o BC está em compasso de espera, num processo de reavaliação. "O que está acontecendo exatamente é uma pergunta que talvez o BC esteja se fazendo.

Talvez por isso, ele esteja sendo muito cuidadoso com relação à possibilidade de aumentar juros, que pode não ser uma solução adequada e eficiente para reduzir as pressões inflacionárias", afirmou Ribeiro.

A "Carta de Conjuntura" do Ipea é divulgada trimestralmente. O documento não traz projeções para os principais indicadores macroeconômicos, segundo os pesquisadores, porque seus modelos de análise estão em revisão. É possível que, ainda este ano, o Ipea volte a divulgar projeções, mas não há uma data certa.

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