Economia

Agronegócio decide adotar medidas legais contra tributação

O presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, João Martins, fez duras críticas aos governos estadu (CNA) ais e federal


	Agronegócio: para o setor produtivo, a decisão é tributação indireta sobre as exportações e cria reserva de mercado
 (Scott Olson/Getty Images/Getty Images)

Agronegócio: para o setor produtivo, a decisão é tributação indireta sobre as exportações e cria reserva de mercado (Scott Olson/Getty Images/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 17 de fevereiro de 2016 às 17h23.

Brasília - Representantes do agronegócio afirmaram nesta quarta-feira, 17, que o setor está mobilizado e vai adotar todas as medidas legais contra novas tributações.

Depois de uma série de reuniões que tiveram início na terça-feira, 16, e envolveram entidades de todo o País, o grupo fez duras críticas às propostas de aumentar a carga tributária do setor.

Eles afirmaram que as primeiras ações serão contra o governo de Goiás, que publicou decreto no fim de janeiro criando limites para exportações de grãos e uma regra que permite cobrar ICMS sobre 30% das compras feitas por tradings e 40% sobre o que é processado pelas indústrias.

Na prática, as tradings só poderão levar para fora do País volume equivalente a 70% do que comprarem dentro do Estado; os 30% sobre os quais deverão pagar ICMS terão de ser direcionados para o mercado goiano.

Para as indústrias, a regra é semelhante, mas mais dura: ela pode exportar 60% do que comprar e sobre os 40% restantes incidirá ICMS e devem ser vendidos a consumidores de Goiás.

Para o setor produtivo, a decisão é tributação indireta sobre as exportações e cria reserva de mercado.

O posicionamento adotado hoje pelas entidades é de impedir não apenas o tributo goiano, mas que outras unidades da federação sigam o mesmo caminho.

O presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, João Martins, fez duras críticas aos governos estadu (CNA) ais e federal.

Segundo ele, é possível que o setor seja "surpreendido do dia para a noite com alguma tributação nova". "Da porteira para dentro o Brasil é muito competitivo.

Tributar as exportações nos tira parte dessa competitividade e a preocupação é de que outros Estados façam o mesmo que Goiás", disse.

O presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), Sérgio Mendes, afirmou que empresas que operam em Goiás devem deixar o Estado.

"Mato Grosso do Sul foi o primeiro Estado a fazer uma tributação dessas e sofreu com a saída de empresas para outras regiões com custos menores", disse.

"Isso pode ser constatado na diferença entre o desenvolvimento empresarial de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, um avançou mais que o outro", avaliou.

José Mário Schreiner, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), afirmou que os importadores querem comprar produtos, e não impostos. "Estamos indo no caminho da Argentina com essa tributação", afirmou.

Até o fim do governo de Cristina Kirchner, os produtores argentinos pagavam impostos sobre exportação de trigo, milho, carne bovina e sementes de girassol. Com a eleição de Mauricio Macri, essas cobranças foram eliminadas.

No caso da soja, era cobrada uma taxa de 35% sobre as vendas e esse porcentual foi reduzido para 30%.

Com isso, o País perdeu produtividade e muitos perderam interesse nessas culturas.

"Não podemos seguir por esse caminho. Se as despesas dos governos estão maiores que as receitas, é preciso cortar gastos, não onerar o produtor", sugeriu Schreiner.

Os representantes das entidades ainda aproveitaram para firmar posição contra qualquer tipo de imposto e disseram que vão se mobilizar até mesmo contra a nova Contribuição Provisória Sobre Movimentação Financeira (CPMF), que o governo federal tenta emplacar para conseguir fechar as contas.

João Martins, o presidente da CNA, ainda se queixou de outras barreiras que têm sido levantadas ao agronegócio.

Segundo ele, o governo anunciou mais R$ 10 bilhões para as linhas de pré-custeio, mas as garantias também aumentaram. "Estão criando mecanismos para atrasar a liberação de recursos", disse.

Acompanhe tudo sobre:AgronegócioImpostosLeãoTrigo

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto